quinta-feira, 21 de julho de 2016

We will rock you



We will rock you é um musical baseado nas composições do Queen e isso todo mundo já sabe. Outra coisa que se sabe é a total falta de tradição do brasileiro para com os musicais (passando por esse que vos escreve) e o que acontece é que talvez, até por esse preconceito, o brasileiro perca esse excepcional espetáculo.

Se não temos dúvidas da qualidade da trilha, os músicos que participam do espetáculo se esmeraram em fazer um trabalho primoroso. A busca de referências visuais e sonoras pode deixar algum espectador menos atento pensar que trabalha-se com playback dado a qualidade sonora. E olha que isso não é uma tarefa nada fácil com a quantidade de cantores e instrumentos que se tem em cena e daí temos que credenciar também o Teatro Santander como uma sala de tratamento acústico invejável e técnicos de som que realmente souberam fazer seus trabalhos.



O Musical é composto de dois atos de cerca de hora e meia cada com um intervalo de 15 minutos. Nele, uma fábula sobre o iplanet é encenada mostrando como querem manter os jovens sobre controle e por isso o rock deve ser banido para que não se desperte o espírito da liberdade. Entre as cenas que despejam humor na medida certa com várias citações de músicos atuais e da música pop, as canções do Queen são interpretadas.

Os arranjos não são cem por cento fiéis aos originais, mas por uma opção estética, mas se aproxima muito quando necessário.

Na platéia se vê desde pessoas contemporâneas à banda rememorando os hits do quarteto inglês quanto pessoas mais novas descobrindo o Queen dentro de um primor de espetáculo.

Definitivamente uma ótima pedida. Mesmo que você não goste de musicais, se arrisque nessa viagem sonora.

domingo, 3 de julho de 2016

A espetacular e incrível vida de Douglas Adams e o Guia do Mochileiro das Galáxias


Texto originalmente publicado em Blah Cultural.

Temos em mãos uma verdadeira obra de arte. A editora Aleph nos apresenta a biografia de Douglas Adams, a cabeça pensante do Guia do Mochileiro das Galáxias em um primor de edição para encher os olhos dos fãs da série. A parte gráfica é sensacional com ilustrações e aquela velha sessão de fotos partindo de sua tenra idade até o Douglas Adams que o mundo viria a conhecer, incluindo cartaz de turnê, capa de livro. Uma fonte visual que provavelmente você não deva conhecer por completo e o crédito vai para Jem Roberts, escritor e uma série de outras coisas por ele apresentado no livro, mas segundo o próprio, a parte que interessa é que ele tem uma carreira consolidada como historiador da comédia e é formado em literatura inglesa.

A biografia em si é bastante rica e detalhada. Passa por sua cronologia de quando o “Mingo”  não era ainda conhecido (aliás o guia cronológico ao final do livro ajuda a entender bem o caminho da saga), mas mostra diversas facetas não tão conhecidas assim contando como ele teve a ideia do livro, sua participação no Monty Phyton ou mesmo sua ligação com os Beatles ou quando tocou com o Pink Floyd. O livro não retrata apenas as glórias de Douglas, mas mostra um escritor desesperado, sem dinheiro e desacreditado por muita gente aos 25 anos.




E se você pensa que a vida do nosso escritor muda completamente quando ele se torna mundialmente famoso, acertou, mas o livro mostra também o martírio que era sua vida com prazos e inúmeros adiamentos de obras em qualquer mídia do qual o Guia fosse explorado. Embora muita gente acredite que a obra nasceu do livro, ela nasceu na rádio e passou ainda por filme, seriado, game, peça e uma infinidade de caminhos que essa “ galáxia”  nos permita.

Vale lembrar que toda obra posterior envolvendo o Guia do Mochileiro das Galáxias é bombardeado por seus fãs mais fervorosos e pode ser que não seja diferente com esse livro, mas, diferente de muito material pós Mingo (e o livro relata inclusive como ele nos deixou), esse tem as bênçãos de seus melhores amigos e de sua filha que é hoje a pessoa responsável por qualquer material que saia sobre Douglas Adams, o Mingo, nosso gigante de 1,96m, dono da maior obra de ficção científica misturada com comédia já produzida. No livro, várias obras pós o Guia mostra a sua importância.


Não me estendendo mais do que o necessário, finalizo dizendo que Jem Roberts tem uma maneira muito fluída em sua escrita e não resumiu-se apenas ao autor em si. Temos em mãos quase que uma biografia do Guia dos Mochileiros das Galáxias em si esmiuçando a saga de Arthur Dent, Ford Prefect e toda a trupe. E pode acreditar, ainda tem espaço para mais surpresas como alguns episódios por ele escrito para Doctor Who. Apesar de suas 536 páginas, a leitura é leve e a viagem está garantida.