terça-feira, 28 de janeiro de 2014

Alabama Monroe



Alabama Monroe concorre ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro. O ano nem começou e me arriscaria dizer que não verei um filme melhor do que esse. Bastante tempo para queimar a língua, mas talvez pela junção de temas que envolvem a trama que me atraem.

O roteiro é baseado em uma peça de teatro, escrita por Johan Heldenbergh e Mieke Dobbels. Felix Van Groeningen, o diretor do filme assistiu o espetáculo e pediu autorização dos autores para fazer o filme após ficar encantado com a história do casal. A adaptação para o cinema foi escrita pelo próprio diretor em parceria com o roteirista Carl Joos.

Johan Heldenbergh saltou dos palcos para a tela de cinema também como ator, interpretando Didier que faz par romântico com Veerle Baetens (Elise Vandevelde), dona de um estúdio de tatuagem. Ele, líder de uma banda de bluegrass (um estilo de country mais raiz), entra no estúdio de tatuagem de Elise e depois solta no ar que uma banda tocará e que ele estará por lá. Uma deixa para ela aparecer e se surpreender ao perceber que ele é o vocalista. Daí, o relacionamento engata, culminando com uma filha e ela mesma fazendo parte da banda no final das contas. O relacionamento digno de contos de fada do século XXI só é desestruturado quando a filha Maybelle (Nell Cattrysse) é diagnosticada com câncer. As diferenças do casal são então ressaltadas pelo arraso emocional que o casal chega.

O drama com sinais de que tudo vai acabar bem, pode remeter à Romeu e Julieta com um final dramático. O enredo é contado com viagens no passado e no tempo real e a trilha sonora merecer destaque (tanto que alcançou o primeiro lugar nas parada no país de origem). Composta por Bjorn Eriksson, e interpretada pelos atores Veerle Vaetens e Johan Heldenbergh, também chama atenção no filme. A trilha já alcançou o número 1 em vendas na Bélgica.

Fora a indicação ao Oscar, eles já levaram o Prêmio FIPRESCI de Melhor Filme Estrangeiro no Palm Springs International Film Festival. Alabama Monroe ainda foi premiado no Festival de Berlim (prêmio do público de Melhor filme de Ficção e o Label Europa Cinemas), recebeu dois prêmios no Festival de Tribecca (melhor atriz e melhor roteiro), levou 9 prêmios Ensor na grande premiação belga, o Ostend Film Festival, e também concorre ao prêmio de audiência no European Film Awards 2013.



FICHA TÉCNICA:

Nome: Alabama Monroe (The Broken Circle Breakdown)
Direção: Felix Van Groeningen
Roteiro: Carl Joos e Felix Van Groeningen
Produção: Dirk Impens
Elenco: Veerle Baetens, Johan Heldenbergh, Nell Cattrysse, Geert Van Rampelberg, Nils de Caster
Fotografia: Rubens Impens
Edição: Nico Leunen
Gênero: Drama

País: Bélgica


sábado, 25 de janeiro de 2014

Frankenstein – Entre Anjos e Demônios

Esqueça a clássica história de Frankenstein. Rebatizado de Adam pela líder da cidade dos anjos, ele passa 200 anos sumido na terra sem causar danos a ninguém chegando aos dias de hoje com ar de anti-herói e submundo das cidades dos HQ’s, até ser encontrado por Naberius (Bill Nighy), líder da legião do mal que encontrou uma maneira de invocar todos os demônios. Possessão em corpos que não têm almas.
Frankeinstein tanto parece se enquadrar ao plano, como ainda ser a chave para descobrir como reanimar uma legião assombrosa de corpos mortos mantidos por Naberius.
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"Frankenstein – Entre Anjos e Demônios" é a clássica luta do bem contra o mal, recheado de efeitos especiais com Adam Frankeinstein menos monstrengo e mais adaptado ao gosto do cinema atual. A cidade dos anjos e a forma como eles se inserem no nosso mundo é espetacular. A história também é tão boa que poderia que poderia ser apresentada independentemente de da história clássica do personagem.
O pecado do filme é que a história é boa por si só, sem precisar da âncora de um personagem já mundialmente conhecido. A cidade dos anjos (que estão mais para gárgulas) fugindo dos "clichês angelicais" é bem interessante. A forma que Naberius invocaria sua legião também tem seus méritos de autenticidade (embora nos remeta a outras cenas de filme), mas o final com cara de continuação (que geralmente azeda) da um desânimo. Tenho tanta certeza da sequência que, se não rolar, eu não me chamo Dimitri Carvalhil (ok, eu não me chamo mesmo…).

FICHA TÉCNICA:
Nome: Frankenstein – Entre Anjos e Demônios (I, Frankenstein)
Diretor: Stuart Beattie
Elenco: Aaron Eckhart, Bill Nighy, Yvonne Strahovski, Miranda Otto, Jai Courtney, Aden Young, Caitlin Stasey
Classificação: 12 anos
Gênero: Ação
Nacionalidade: EUA, Austrália

Está em cartaz e na dúvida, segue o trailer: 

sexta-feira, 24 de janeiro de 2014

Hitler a Cracolândia e o estupro coletivo na Índia



Sendo absolutamente simplista, o massacre ocorrido na Cracolândia e o estupro coletivo na Índia possuem exatamente a mesma razão. Poder na mão de algumas pessoas que decidem pela sorte dos outros, ou o que é certo ou errado. Assim como Hitler fazia. Estava dentro da lei.

Não interessa se havia uma ação municipal para a reabilitação dos dependentes químicos, não interessa se a garota indiana de 20 anos estava apaixonada por um homem de outra comunidade. Existem pessoas que detém o poder aqui e lá e decidem por eles. Assim como Hitler. Tinha 92% de aprovação.

No caso da Índia, um estupro coletivo por 12 homens foi imposta a essa mulher que foi hospitalizada em seguida. Teria sido diferente se sua família tivesse o dinheiro para pagar a multa em questão? Na Cracolândia, balas de borracha e bombas de efeito moral feriram outros. Teria sido diferente se fosse o estado quem coordenasse a "Operação braços abertos"? Lá foi dinheiro e aqui foi política que deflagrou tudo? Resumidamente falando de forma simplória novamente. Poder. Assim como Hitler.

O que entendem dirigentes sobre a palavra poder? Poder fazer tudo o que quiser para a manutenção dessa ordem que lhes interessa? Mais do que o que lhes interessa, fazer aquilo que perpetue o poderio dos que estão acima.

Uma única questão a se pensar. No caso da Índia, onde 12 homens destroçaram fisicamente uma mulher e muito provavelmente feridas psicológicas sejam ainda mais profundas, não me convencem, assim como na terra da garoa ou na Alemanha que se é lei é o correto. Medo de 2014. Ainda no ano passado eu dizia que esse ano entrava para a história por mera premonição antes mesmo das coisas acontecerem, mas sejamos sinceros. Todo o clima natal, virada de ano já passou. Bem-vindo ao inferno da vida real. Bem-vindo a selva onde lutamos todos os momentos para nos mantermos vivos.

Eu, um adorador do futebol, frequentador de estádio, estou rezando para essa copa passar o quanto antes...




P.S.: Vai ter copa? Vai... sabe-se lá a custo de que (ou quem), mas em um dia que você vê Raí, o camisa 10 do tetra em 1994 e Rivaldo, o camisa 10 do penta em 2002 criticarem a copa no país, você pressente algo muito ruim nesse país que já tem uma copa com custos iguais as 3 últimas copas do mundo juntas,  Rivaldo disse que acha que o Brasil não tem condições de sediar a copa e desaprova altos gastos em estádios...

Sem mais... já diria o poeta... tristeza não tem fim...

domingo, 5 de janeiro de 2014

Lu

Só sei que era Lu o nome dela. Quer dizer, como a chamavam e como adquiria a taquicardia. Lu, e uma descarga de adrenalina era injetada em meu coração sem a menor resquício de pena, mas quanto ao nome? Pra ser sincero, eu não sabia. Podia ser Luciana. Lúcia, Luana, Luzia, Luiza, Luisa…

Ficava esperando o ônibus das 7:35h, embora já estivesse na parada 7:20h para garantir que se ela chegasse mais cedo, coincidentemente eu também chegasse, mas ela parecia um relógio Suíço. Era inacreditável, mas 9 em 10 vezes, ela dobrava a esquina 7:31h e isso era quase uma ginástica já que ela vinha no sentido contrário do ônibus e não faria muito sentido eu estar olhando para o outro lado, mas, estava eu, disfarçado, escondido, verificando por trás da coluna se era 7:31h. Sábado era um terror. Acordava e ficava olhando o relógio eletrônico. Quando dava 7:31h era quase possível vê-la, sentir seu perfume e em casa comecei a perceber que 7:30h já começava a sentir a freqüência cardíaca subir. Claro que isso ao vivo foi piorando. 2 meses antes, o coração disparava 7:31h quando ela aparecia, mas agora? 7:29h, 7:30h eu podia sentir ele ir acelerando vagarosamente até explodir como o grito de gol entalado da torcida. Mas não era um gol qualquer. Era específico. Era gol do tipo penalidade máxima. Aquela expectativa, tudo se apronta, correu e ela surgia ali na esquina. A massa berrava Luuuuuuuuuuuuuuuuuuu. Ah… mas era a viagem do fim de semana né? Não a tinha por dois dias que demoravam muito mais que os cinco que a via.

Enfim, chegava a segunda e ficava esperando ver se ela ia olhar para mim. Não tinha como não olhar. Eram tantos os dias que não tinha como e então eu apenas esperava que fosse um dia sim. As vezes tinha 2, 3, 4 dias não e eu ficava arrasado, mas no dia que foi o sim com um leve sorriso, eu quase não pude me conter. Luuuuuuuuuuuuuuuuuuu, mas não era uma partida normal. Era uma daquelas em que se passava de fase. Era um passo a mais. Ao menos em minha imaginação, pois na real, era apenas um passo a dentro do coletivo. Percebi que ela sentava sempre na última fileira e eu assim fazia. Muitas vezes íamos lado a lado até e em minha mente, tinha altas conversas. Éramos já amigos íntimos. Era terrível se não houvesse dois bancos livres na última fila. Se tivesse só um, era dela e eu sempre ganhava um sorrisinho discreto de agradecimento. Foi assim por meses. Descia perto do Masp junto com ela apenas para forçar a coincidência. Tinha depois que andar cerca de dez minutos extra já que descia antes por ela, mas não havia o menor problema. E foi assim por alguns meses, duas vezes ela simplesmente não apareceu, 3 vezes ela chegou no ônibus anterior e eu podia jurar que ela já havia percebido isso, mas chegava a última semana. Depois, seria férias e isso tirou meu sono no final de semana.

Tinha que dar um jeito e falar com ela, mas tentou não se abalar com a segunda perdida. Terça ficou tão nervoso que se falasse alguma coisa, gaguejaria tanto que daria um vexame. Quarta após se policiar, conseguiu impressionantemente ficar calmo. Tão calmo que foi deixando os minutos passar, esperava o momento ideal, talvez quando descermos e não tivermos os olhos em cima de nós, mas simplesmente travei.

Não consegui dormir essa noite, mas consegui pensar um plano infalível. Eu tinha que tomar a ação e não tinha muito mais tempo, por isso, nem que eu esbarrasse nela, nem que eu pisasse em seu pé para poder naturalmente ser atabalhoado e com muita sorte, ela poderia até achar charmoso a minha falta de jeito. Podia ficar rindo do quanto eu era desastrado, mas, eu quebraria o gelo e assim, na sexta-feira, depois poderia falar com ela desde a hora que ela apareceria na parada, até a hora em que ela dobrava a esquina na av. Paulista. Era perfeito. Não tinha como dar erro.

Quinta: 7:29h…7:30h…7:31H…7:32h…7:33h…34,35,36,37,38,39,40. Era manter a calma. Ela estava atrasada e chegaria para o próximo ônibus. 41,42,43,44,45,46,47,48,49… e assim, ao melhor estilo Cebolinha com seus planos infalíveis contra a Mônica, tinha o meu plano infalível, falível… Nem fui para a aula. Seria a primeira aula e isso não me comprometeria de forma alguma e em casa, todas as versões possíveis de esbarrões, pisadas e trombadas aconteceram em minha cabeça.

Sexta e milhões de possibilidades passaram em minha cabeça. Ela poderia ter ficado de férias antes, poderia faltar de novo. Poderia várias poderencias, mas às 7:31H Luuuuuuuuuuuuuuu. E o ônibus? Tão vazio, tão calmo que fiquei inibido. Travei. Me maldisse. Me desanimei. Desisti. Desci cabisbaixo e letargicamente e nem a acompanhei até a sua esquina. No vão do Masp entrei nele. Queria olhar a avenida 9 de julho de cima e fui devagar. Se desse sorte, conseguiria ter 7:31H’s por mais alguns meses para conseguir. Estava decretada a minha dura realidade. Dois meses por acho para talvez poder ver aquela garota com óculos de armação vermelha e saber se ela era Luciana. Lúcia, Luana, Luzia, Luiza, Luisa…

Devo ter ficado uns 5 minutos olhando os carros lá embaixo passando. Senti um toque no meu ombro esquerdo e me virei de uma vez com um susto.

– Oi, meu nome é… – Lu – respondi já me censurando por assim não poder saber se ela era Luciana. Lúcia, Luana, Luzia, Luiza, Luisa…

– Notei que você não pisava nas junções das pedras que nem eu…