quinta-feira, 27 de maio de 2010

Caleidoscópio IV

Por Demétrius Carvalho

Pensou que poderiam ter entrado pelas janelas apesar da improbabilidade do alto de seu 8º andar. Constatou o que desconfiava. Janelas intactas. Enfim, desenrolou o pergaminho:

Em suas mãos, o Caleidoscópio...

Levantou-se de um pulo com outra taquicardia imaginando que assim estava castigando demais o seu pobre músculo coronário. Havia esquecido por completo dele desde que encontrou o pergaminho e agora tinha certeza que ele teria desaparecido. Correu, mas viu o artefato junto ao casaco e pensou que o pergaminho poderia desaparcer novamente. Na dúvida resolveu que manteria junto a si o caleidoscópio e pensou que só faltava o pergaminho sumir novamente e o coração que tentava regressar aos batimentos habituais acelera novamente. Percebeu que sempre se enganava. Não só estava no mesmo canto, como estava outra fechado e de fato começava a se acostumar e nem mais estranhou. O que de fato estranhou foi que a frase da etiqueta havia mudado:

O pergaminho só desaparece na presença de outras pessoas.

Como poderia aquilo acontecer? Já havia se conformado em não possuir controle da situação, mas estar sendo vigiado era demais para a sua cabeça. Olhou para os lados e pensou em olhar as portas e janelas uma vez mais e olhou para a etiqueta novamente:

Você não está sendo vigiado.

Sentiu um calafrio percorrer sua coluna e tratou de abrir outra vez o pergaminho:

Em suas mãos, o Caleidoscópio persa datado do ano 440 d.c. Ele é único e existe para compensar os desajustes do mundo. Passou ou vai passar pelas mãos de cada habitante da terra por uma única vez e depois de teres consciência que o que precisava ser feito, foi feito, ele desaparecera por completo de sua lembrança. Use-o com sabedoria ou torna-se escravo dele, atraindo mais desajustes para a sua vida e a de quem o cerca. Se olharem para ele, verão um caleidoscópio normal, mas se olhares para ele, verás imagens nunca vividas, mas que inconscientemente gostaria de ver. Concentre-se na cena que quer e marque no calendário na parte de trás do caleidoscópio a data que quer voltar no tempo. Quando tiveres alcançado a sabedoria, vai procurar o caleidoscópio e sentirás que adquiriu a sabedoria que lhe faltava e então ele desaparecerá de sua vida sem deixar vestígios em sua mente. A humanidade terá ganho uma pessoa melhor e o caleidoscópio passa para outras mãos. O pergaminho some assim que você tirar os olhos dele.

Levantou-se sentindo faminto ainda com o pergaminho em mãos e foi na cozinha ver o que havia para comer. Deixou o pergaminho na mesa e abriu a geladeira. pegou queijo e presunto para preparar um sanduíche e ao voltar os olhos para a mesa, ela estava vazia.



Apesar de mais essa surpresa, sentiu-se sereno e sabia que não mais o veria...



Continua...

segunda-feira, 24 de maio de 2010

Caleidoscópio III

Por Demétrius Carvalho

Virou-se bruscamente para a sua direita onde havia uma porta para a cozinha e pegou o interfone que estava do lado interno da cozinha, mas fez questão de não tirar o olho do pergaminho posto sobre o sofá da sala. Embora fosse prontamente atendido pelo zelador, falou de uma forma extremamente descontrolado:
— Quem deixou esse pergaminho aqui?
— Hã? Como assim?
— Quem entrou no meu apartamento? Quem deixou esse pergaminho aqui?
— O senhor deve estar brincando. Ninguém entrou!!
— Entrou sim— Olhos fixos no pergaminho.
Até explicar que entraram, não levaram nada e ainda deixaram um pergaminho, falar com o síndico e verificar que de fato ninguém entrou segundo as imagens internas do sistema de segurança e o dia havia se esvaído. O pior mesmo foi explicar onde estava o pergaminho quando foi com o zelador e o síndico averiguar o apartamento e no fim do dia, estava completamente constrangido por não haver pergaminho algum ou mesmo uma prova de que entraram ali. As portas sem sinal algum de terem sido forçadas e ele quase que expulsa os dois que desestimularam completamente uma intervenção policial. Enfim, ele fecha a porta e vira-se escorrendo pela porta, acomodando-se ao chão e não podia entender, mas ali estava o pergaminho. Não soube dizer se a luz do abajur estava acessa quando ele de fato chegou, mas agora parecia que estava propositalmente acessa para focar ainda mais o pergaminho naquele penumbra que anunciava a noite. Correu com tanta vontade que parou estabalhoadamente imprensando o próprio sofá contra a parede, mas enfim tinha-o em suas mãos. Quis chamar os dois que ainda devíam rir de si enquanto aguardavam o elevador, mas achou que tinha a sua cota de constrangimento amplamente superada para todo o ano. O pergaminho estava com uma etiqueta branca pendurado nele, mas sem sombra de dúvidas que era ele. Apenas uma pequena frase nele, impressa com uma espécie de serigrafia e fonte que pareciam vir da idade média. Isso era o de menos. A frase era o que o deixava confuso:

Ninguém me deixou entrar.

Tirou a camisa, sentou diante de uma mesa cheia de papéis desarrumados. Os óculos repousando sobre a papelada, mãos na cabeça e antes mesmo de ler o pergaminho sentia-me extremamente confuso.




Continua...

domingo, 23 de maio de 2010

Caleidoscópio II

Por Demétrius Carvalho

Desacelerando o ritmo e buscando controlar a respiração, parou em um quiosque que vendia sorvete e pediu um. Sentou-se e ficava se perguntando o que havia acontecido. Não tinha como ter imaginado. Havia conversado com o senhor, a atendente não teria ficado de olho nele, mas depois pensou como ele mesmo não encontrou o tal senhor quando tornou a olhar para onde ele estava? Resignado entendeu que havia sim imaginado algo que sonhou por tanto tempo.

Lentamente pagou o ticket do estacionamento e dirigiu-se ao seu carro. Sentou-se e deu uma respirada funda fechando os olhos, mas seu braço direito sentiu algo no bolso do casaco que inicialmente pensou tratar-se de seu celular, mas ao perceber que o formato era completamente diferente, sentiu uma certeza que não saberia dizer se foi milésimos de segundos antes ou depois da taquicardia que o atacou. Ali estava o caleidoscópio que era a certeza que tudo havia acontecido e então lembrou do papel que o senhor havia lhe dado. Procurou-o mas não o encontrou e voltou pelo caminho que veio e nem sinal do pergaminho. Na sorveteria ou na livraria, não houve resultado e a jovem atendente disse que ali tinha uns para vender. Ele pediu para olhar, mas nem de longe parecia com o que havia recebido e transtornado voltou mais acelerado que pode ao carro para não estrapolar o tempo do estacionamento pago e assim deixou o shopping ofegante e tão transtornado pela perda, que nem se lembrou do caleidoscópio que repousava no banco do passageiro no bolso do casaco.

Outra taquicardia. Lembrou do caleidoscópio e teve que conter-se até ficar em um semáforo vermelho. Pegou-o e instintivamente levou-o aos olhos acreditando que veria um caleidoscópio normal, mas viu-se em uma cena que nunca aconteceu. Girou um pouco mais e viu-se em outra cena, outra e mais outra. Nunca havia vivido nenhuma daquelas cenas e as buzinas atrás de si o trouxeram novamente para a realidade. Isso repetiu-se por mais 4 semáforos, mas nos 2 últimos ele ficava atento para não levar outra saraivada de buzinadas, mas enfim quando parou em sua garagem, teve muito tempo e nenhuma buzina na sua cola. Sempre uma nova cena que nunca houve e por fim, resolveu subir.

No elevador olhava novamente, mas lembrou-se do pergaminho. Sentiu que não faria falta. Tinha apenas um artefato que lhe dava cenas nunca vividas. Desceu do elevador, deu os passos necessários para chegar a sua porta e ao entrar em casa, viu no sofá da sala uma cena improvável: o pergaminho.





Continua...

Caleidoscópio

Por Demétrius Carvalho

Pesquisava muito em busca da "lampada mágica de Aladim", até ter sido desencorajado por completo pelas pessoas que diziam que aquilo era apenas um conto infantil,no entanto, aquele conto facinava-o e por mais que se passa-se anos, vez por outra se via procurando. Então um dia ele entra em uma livraria dessas enormes que se encontram em shoppings e que possuem uma variedade assombrosa de títulos e pensou não custar nada tentar encontrar algo. A jovem atendente se esforçou em procurar algo passando pelos setores de magia, ocultismo, fábulas, mitologia e mesmo alquimia, mas nada encontrou e sugeriu de uma forma simpática de quem se entregou na busca que ao menos no setor de literatura infantil ela sabia que ele existia. Apenas sorriu e para ser educado perguntou onde ele estava e novamente a simpática atendente mostrou-se pronta ao atendimento e pediu passagem pelo estreito corredor de livros que estava. Apenas quando chegou na setor infantil percebeu como os outros setores eram carregados. Estreitos, os livros em prateleiras com um pouco mais de 2 metros de altura e tons sombrios e fechados. Caras carancudas de pessoas preocupadas demais com suas vidas e ali naquele setor sentiu-se incrivelmente bem. Amplo, colorido. Cadeiras e mesas dispostas de um lado com cores tranquilizadoramente vibrantes (embora um pouco menores por seus usuários convencionais), ou mesmo grandiosas almofadas com face de elefante ou leão para leitores tão diferenciados.

Sentiu-se bem e pegou o livro em questão e começou a folhear ainda por educação, começou a ler e disse para atendente que a chamava caso fosse levar. Estava então lendo-o por alguns minutos e notou um simpático senhor de barbas longas e grisalhas com o mesmo livro na mão:
—  O senhor procura algo para o seu neto?
Calmamente me olhou e respondeu:
—  Procuro quem me procura.
— Mas quem o procuraria?— Indagou realmente curioso da resposta que ouviria.
—  Os caleidoscópios são procurados insistentemente mas poucas vezes encontrados...
—  Fala da lampada de Aladim?
— Falo do nome que as derem. A lampada de mágica de Aladin é apenas mais um nome para o caleidoscópio, mas se me encontrou, encontrou o que queria.
Tirou um papel de dentro de seu casaco que devia ter anos. O papel era de boa qualidade, mas estava amarelado e estava enrolado com uma fita vermelha segurando-o ao melhor estilo pergaminho. Entregou-o e apontou para a mesma mesinha que ele havia visto e que encontrava-se agora as suas costas e disse:
— Ali o que procuras— apontando suavemente com seu indicador direito.

Mesmo sem entender fui apanhar o cilíndrico objeto que continha as mesmas cores do ambiente e quando voltou para questionar o simpático senhor, ficou confuso. Ele estava sozinho na sala. Apenas a jovem atendente regressava mas ela assustou-se com seu nervosismo repentino.

— O senhor que estava aqui? Para onde ele foi?
— Como assim? Estive-o olhando por todo esse tempo e estava sozinho todo esse tempo.

Colocando o caleidoscópio no bolso saiu freneticamente procurando o senhor na livraria e depois pelo shopping, até que deu-se por vencido e chegou a imaginar que tudo não tivesse acontecido em sua cabeça.



Continua...





sábado, 22 de maio de 2010

Utilidade pública


NOVAS REGRAS PARA O VENCIMENTO DA CARTEIRA DE HABILITAÇÃO

ATENÇÃO

Vencimento Carteira Nacional de Habilitação

Foi criada uma lei, na mesma época em que foi criada a lei seca, que

só pode ser renovada a carteira durante o prazo de no máximo 30 dias após o vencimento da mesma.

Após este prazo, a carteira é cancelada automaticamente e o condutor será obrigado a prestar todos os exames novamente: psicotécnico, legislação e de rua, igualzinho a uma pessoa que nunca tirou carteira.

Esta lei não foi divulgada como a lei seca e mais de 3.000 pessoas só na cidade de SP no mês de outubro de 2008, perderam suas carteiras de habilitação e terão de repetir todos os exames.

Fiquem atentos quanto ao vencimento de sua CNH. Só por alto, fora a multa, para tirar novamente a CNH, fica por volta de R$ 1.200,00 e leva + ou - de 2 a 3 meses, isso se você passar por tudo da 1ª vez.

As mudanças começaram a valer no dia 1º de janeiro de 2010. Serão incluídos novos conteúdos, além de uma nova carga horária.

O Diário Oficial da União (DOU) publicou (22/11/2008) uma resolução do Conselho Nacional de Trânsito

(CONTRAN) que altera as regras para quem vai tirar a carteira de motorista.

Entre as mudanças está a carga horária do curso teórico que vai passar de 30 para 45 horas aula e a do prático, de 15 para 20 horas aula. Serão incluídos novos conteúdos, como as conseqüências da ingestão de bebidas alcoólicas e cuidados especiais com motociclistas

As mudanças começam a valer no dia 1º de janeiro de 2010. Quem já tiver iniciado o processo antes disso ainda vai pegar as regras antigas.

ALÉM DISSO: Providenciar com urgência a retirada do plástico e trocar o extintor por um cheio.

Mais uma regulamentação - sem a devida divulgação!!!!

Agora é norma do CONTRAN e dá uma multa de R$ 127,50 para quem for apanhado fora da lei :

O extintor de fogo obrigatório do carro tem que estar livre do plástico que acompanha a embalagem.

Tire a embalagem plástica e deixe o acesso ao extintor livre.

Não esqueça -- se um policial rodoviário, estadual ou federal parar seu carro e verificar que o extintor está protegido pelo saco plástico - ele vai te autuar - 5 pontos na carteira; e você só segue viagem após tirar o plástico, desde que o bendito extintor esteja com a validade em dia ( e mais os tais R$ 127,50 ).
Caso ela só vença nos próximos anos, fixe um aviso no final da agenda e vá passando para a próxima ao trocá-la.

Na verdade eu apenas to tentando divulgar o que acredito que deveria ser divulgado para ser justo com todo mundo. Nem discrimino essa norma, desde que todos saibam. Isso sim eu acho um absurdo, mas como sempre o que eu acho, é apenas o que eu acho... 

quinta-feira, 20 de maio de 2010

Vivendo de arte

Quando somos pequenos e nos vemos envolvidos pela arte, seja ela qual for, somos arrebatados pelo desejo de viver para ela, e dela, desconhecendo a dura realidade que teremos pela frente. Vamos crescendo e vendo o que nos cerca. Puros no fundo de nossas almas, acreditamos que basta fazermos nosso trabalho bem feito e seremos realizados em nossos sonhos.


 
Nossos problemas apenas começam. Conversava com mais um dos guerrilheiros culturais (Jobas do Kafka Show) sobre isso. Inicialmente pensamos que ao amadurecermos nosso trabalho, o reconhecimento chega. Concentramos nossos erforços no feitio de nossa arte e quando ele fica pronto, simplesmente não engrena. Falta o contato, a pessoa correta, ou mesmo vontade de entrar na politicalha cultural que existe no Brasil.

Bom, o pior é quando descobrimos que existe a arte que o povão quer, caminhos comercias e a arte que acreditamos e que pode não ser popular, logo não lucrativa. Resolvi fazer uma série tratando um artista e sua arte para discutirmos como é essa escolha de vida. Aguardem...

terça-feira, 18 de maio de 2010

Nova língua portuguesa


Bom, acho que to ficando velho. Sou do tempo que em que plateia sem acento, era o público assistindo ao espetáculo de pé.



É apenas o que eu acho...

segunda-feira, 17 de maio de 2010

The Mars Volta


Depois de Faith no More e Jaco Pastorius, Deus imbuiu essa trupe para arrebatar-me uma vez mais e visitar sua morada celeste. Existe uma quantidade significativa de artistas que me deixa em outro plano, mas o que une esses 3 nomes foi como eles foram covardes para comigo. Alguns ganham meu respeito aos poucos, mas esses entraram derrubando a porta sem me dar chances. Foi ouvir uma vez e antes do fim da canção em questão e eu sabia ser devoto de tal trabalho.

Em cada uma das 3 vezes lembro-me exatamente onde estava, assim como com quem, que horas era ou fazendo o que.

Encabeçado pela dupla Cedric Bixler-Zavala e Omar Rodriguez-Lopez, são considerados como uma banda de rock progressivo com vasto experimentalismo, e com influências de jazz fusion, rock psicodélico, hard rock, punk rock e música latina. Eles são conhecidos pelos seus shows enérgicos e vigorosos, com grande improvisação ao vivo, e também pelos seus álbuns conceituais.

Os membros da banda mudam e inclusive Flea do Red Hot Chili Peppers gravou 9 das 10 músicas do disco De-Loused. Anos depois o guitarista John Frusciante ex-Red Hot Chili Peppers, aparece como convidado na faixa "Asilos Magdalena" do disco Amputechture.

Apesar de músicos de tal quilate, atrevo-me a dizer que eles seriam o que são por qualidades individuais e por meios não ortodoxos de composição. Normalmente Omar compondo a parte musical para Cedric poder se expressar pelas letras. Isso vale para contar histórias obscuras e inusitadas, e inserir vinhetas estranhas, piadas subliminares, sem se preocupar exatamente com uma continuidade de qualquer parte.

O octeto estabilizou-se em 2007 sempre com a dupla Omar-Cedric liderando-os e fica exatamente a música que me arrebatou:












domingo, 16 de maio de 2010

Jaco Pastorius

Estava eu escrevendo sobre Mike Patton dia desses e falei que quando o vi com o Faith no More fui arrebatado imediatamente como raríssimamente me aconteceu outras vezes na vida. Me perguntaram com quem mais. Bem, apresento-vos Jonh Francis Pastorius III. O legendário Jaco Pastorius que simplesmente recriou o instrumento que empunhava. Imagine 1976 e um disco de um baixista com esse sendo a primeira faixa. Donna Lee de Charlie Parker.



Se você desconhece o universo das 4 cordas pode nunca ter ouvido falar em tal criatura, mas no meio musical (principalmente entre os instrumentistas), ele sempre tem seu nome relaconado junto os grandes do jazz. Quando digo que ele recriou o instrumento, o fez de fato. Embora historicamente haja antecessores no baixo-elétrico sem trastes (ou fretless), creio que este homem deu vida a esse instrumento, até mesmo por que se o elétrico veio do acústico, seria natural vir sem os trastes. No entanto ele não funcionou bem. Foi preciso um inquieto rapaz arrangar por si mesmo os trastes e preencher as frestas com Durepox para que tudo mudasse.

Jaco era um virtuose e conseguiria tocar bem qualquer instrumento ao meu ver (e tocava bateria antes), mas escolheu o universo dos graves para ser ouvido. Se alguma pessoa que esteja lendo essa postagem e toca baixo sem trastes e se aventura a tocar essa ou outras músicas de Jaco, sabe que isso pode levar meses ou mesmo anos. Lembro-me que entre um grupo de amigos que tinha, contavamos quem era capaz de tocar Teen Town. Essa composta para o Weather Report que teve sua postagem algum tempo atrás.

Outra vez, solicito a ajuda dos que tocam para lembrar o quão complexo é se aventurar no mundo do jazz e esse rapaz conseguiu entrar em um grupo formato por veteranos mestres dessa arte. Ele havia assombrado o mundo com seu disco ou tocando em outros trabalhos e em seu disco inaugural do Weather Report criaram uma nova vertente musical intitulada fusion.

Ficaria facilmente escrevendo por muito tempo sobre essa criatura que por mim foi descecado musicalmente. Verdade seja dita, quis ser baixista por causa de Jonh Paul Jones, mas Pastorius mudou minha vida. Infelizmente morreu jovem demais. Apenas 33 anos e talvez por estar anos luz na frente. Sabe aquele velho papo do gênio incompreendido? Exatamente isso.

Já vi gente dizendo que toca mais do que ele e me pergunto quem entrou para a história. Quando analisamos arte, temos que entender o contexto histórico. Pesquise como era o baixo antes e depois dele e pronto. Entenderá por que eu e milhares de baixistas o colocamos em qualquer lista.





É apenas o que eu acho...


sábado, 15 de maio de 2010

V de Vingança


Sempre complicado avaliar um filme que partiu da literatura. Nesse caso de uma obra prima do mestre dos quadrinhos Allan Moore. Penso que um livro ou um quadrinho como esse sempre vai ser mais profundo do que o filme, logo penso se gostaria do filme mesmo se não conhecesse a obra original e podem apostar que li-a em uma circunstância única que tornou-a marcante em minha vida. Pelo que notei, quem leu se dividiu entre o odiar e o amar. Eu me encontro na segunda categoria.

Algumas coisas definitivamente beiram a impossibilidade de ser retratadas em um filme por mera questão de tempo, e nunca vejo preferirem o filme ao livro (leia-se quadrinho aqui).

Nesse caso, havia um grande agravante que era a direção do filme ser assinada pelos irmãos Wachowski (de Matrix). Não que eu não goste do que eles haviam apresentado em sua trilogia revolucionária, pelo contrário, sou fã de carteirinha de tal filme, mas tive medo de excessicos efeitos no filme. Fica outro ponto para os Wachowski que mostram saber dosar seus efeitos.

Verdadeira pancada no mundo de hoje, politicamente e socialmente. São tantos os pontos altos do filme que é difícil ver o filme sem fazer alguma reflexão de nossas vidas e gosto da arte que me faz refletir sobre as coisas.

A voz de Hugo Weaving (o Agente Smith de Matrix) nunca foi tão bem empregada. Exatamente como ela soava em minha mente e Natalie Portman foi convincente em toda dor e sofrimento vivido por Evey.

Vi gente dizer que o filme é cópia de Matrix, no enredo e nos efeitos. A história já existia e os efeitos, não vejo porque não utiliza-los. Se os roteiristas se consagraram com essa inovação, e volto a dizer. Foi bem dosado. Imagina o que eles realmente podem fazer depois de Matrix e assim temos a certeza que seguraram a tentação.
 
E quando aos fãs da revista que notaram as alterações em relação ao filme, de fato elas existem, mas não mudam a cara nem a mensagem da obra. E volto a defender a tese de que seria um bom filme mesmo sem conhecer o original. Fotografia, figurino, cenário e trilha sonora (com grata surpresa aos brasileiros) impecáveis ao meu modo de ver. Poderia ter feito algo diferente, mas creio que já passei da idade de ficar procurando e vendo apenas defeitos. Hoje, realmente tento olhar o lado bom das coisas e penso que esse filme pode ser interessante.

Sempre, isso tudo é apenas o que eu acho...





quinta-feira, 13 de maio de 2010

Mike Patton


1991. Aguardo ansiosamente o Guns n` Roses entrar no palco do Rock in Rio II, mas antes tem uma banda desconhecida para abrir para eles. Fazer o que. Vamos ver. Adentra o palco o Faith no More (do qual foi a minha primeira posagem nesse blog). Pela primeira vez na minha vida "chapo de cara" com um som. Uma banda completamente diferente de que tudo que eu havia visto. Mesmo desconhecendo o repertório da banda, ficava mais boqiaberto a cada nova música. Ali eu já sentia que era diferente no gosto musical da maioria das pessoas.

O vocalista de tal banda era ninguém menos que "sir Mike Patton".Algum tempo depois fiquei sabendo que ele possuia uma banda anterior e deveras mais experimental e perturbadora intitulada Mr. Bungle. Sinceramente nem penso que todos devem ir atrás desse som. Talvez fazer um estágio em outros trabalhos desse ser ímpar da música.

Nosso anti-herói da música pop foi apresentando ao longo de sua carreira trabalhos solos e diversos outros grupos (Fantômas,Lovage, Tomahawk, e as citadas Mr. Bungle, Faith No More). A quantidade de outros projetos impressiona pela quantidade, levando-nos inclusive a pensar que temos um workaholic e em todos os trabalhos, apresentam-se composições com estruturas e execuções realmente acima da média dos trabalhos com estrofe e refrão apenas.

Dotado de um senso de humor peculiar e um tanto quanto agressivo para quem não está habituado, fora suas performances escatológicas e grunidos vocais dignos de um monstro de filme de terror e pronto. Taxa-se de louco e pronto, mas engana-se quem pensa que ele não sabe o que ele faz e o seu domínio vocal espanta pela gama de timbres que ele consegue produzir e em suas apresentações ao vivo, registra-se os mesmos grunidos fazendo com que vejamos que tudo foi pensado.

Grandes nomes da música por vezes passam sem causar grande influência em seu tempo para serem redescobertos posteriormente e penso que temos aqui um nome que pode juntar-se a Beethoven, Bob Dilan, Beatles, Bob Marley, Led Zeppelin, Frank Zappa ou NIrvana no sentido do que ele causou aos que vivem da mesma arte e por eles foram influenciados.

  


É apenas o que eu acho...

quarta-feira, 12 de maio de 2010

Convocação de Dunga


A tentação para chover no molhado frente aos 23 relacionados de Dunga é quase avassaladora em meu ser. Todo brasileiro acha que entende de futebol (eu também) e por isso mesmo, penso que a maioria das pessoas tem seus argumentos. Sendo assim, quero abordar outro aspecto.

Qual a copa não houve nomes cortados que a nação inteira queria? Sem pesquisar e apenas das copas que eu lembro, temos Renato Gaúcho em 1986, Neto em 1990 e Romário talvez seja um recordista deixado de lado em 1998 e 2002.

A grande verdade é que se o Brasil perder, a culpa será dele e se ganhar, ninguém vai lembrar dos que ficaram de fora, ou mesmo do próprio técnico. Céu ou inferno. Simples assim.

Sou capaz de facilmente montar um time com os jogadores que ficaram de fora, mas Dunga mostrou-se coerente. Admiro pessoas assim. Uma pessoa pode ser chata, mal humorada, autoritária, turrona, antipática e outras virtudes negativas, mas se for coerente, tem o meu respeito.

Devemos lembrar que Dunga foi chamado para reestabelecer compromisso dos jogadores depois de uma copa ridícula onde jogadores e comissão técnica pareciam estar em um circo se expondo para uma platéia todo o tempo. Sem contar que tinham tanta certeza que venceríam a qualquer momento que simplesmente não jogaram nada. Disso, podemos ter certeza que não veremos (podemos?) e não há como contestar os números de Dunga que sagrou-se campeão da Copa América, Copa das Confederações e classificou o Brasil para a copa com 3 rodadas antes do fim e definitivamente o Brasil vinha tendo muitas dificuldades para garantir a sua vaga nas copas passadas. Dessa forma, resta-me desejar todo a sorte do mundo para Dunga.





 É apenas o que eu acho...




terça-feira, 11 de maio de 2010

Contextualizando


Como sou uma criatura que possui gosto peculiar quanto as artes, gostaria de lembrar,que tudo aqui é apenas o que eu acho. No entanto também não posso me esquivar quanto a minha responsabilidade de formador (querendo ou não) de opinião. Muita coisa depende de sua interpretação, de seu conhecimento de dada arte e por que não dizer de sua história de vida que o levou até ali de uma forma peculiar e irrepetível. Costumo dizer que não sei tudo, não entendo tudo e por vezes questiono-me e sou um ser cheio de teorias malucas que permeiam o meu jeito de ser e uma delas é que posso estar completamente errado para com a maioria de minhas teorias.

Se eu pudesse escolher uma única para me agarrar, é que precisamos contextualizar para interpretar uma obra de arte e fui criticado por isso. Me disseram que uma obra tem o seu significado e pronto. Não penso assim. O que pensou ao ver a foto que ilustrou a postagem? Foto de D. Diarte que intitulada "Ovo de páscoa" me abre novas interpretações, mas creio que em uma galeria de arte, uma escola infantil ou em um culto religioso, teria reações completamente diversas. Como sempre, é apenas o que eu acho...e achei essa de A. Brito.



segunda-feira, 10 de maio de 2010

Cansado


Estou cansado
De muitas coisas e nem me pergunte de que
Estou querendo
Diversas coisas e nem me pergunte o que

sábado, 8 de maio de 2010

Assim quererei

Sabe quando simplesmente quer que queiram?
Posso te levar ou convencer
Quer?
Eu não
Queira
Assim quererei


quinta-feira, 6 de maio de 2010

Pequenos gestos


Existem momentos que sonhamos ter uma vida mais simples...

Existem horas em que desejamos as coisas mais simples...
Existem dias que gostaríamos de ser mais simples...
Existem horas, momentos e dias simples...

Não quero nada demais
Apenas aquele momento simples e avassalador
Avassalador de tão simples
Simples de tão Ingênuo

Alegrias simples
Nada complexo
Simples




quarta-feira, 5 de maio de 2010

Blogs


Acredito que o blog seja a identidade na rede em tempos de globalizacão. Mais até  que sites, afinal, estes geralmente servem como propaganda de quem o faz. De forma generalizada, podemos perceber que uma pessoa não cria um site para expor o seu pensamento e isso acaba acontecendo nos blogs. Trabalhando com música, querendo ou não, fui entendendo um pouco de comunicação e uma coisa que aprendi, é que se seu trabalho não é visto pelo público, ele simplesmente não existe para essas pessoas.

De uma forma geral, um blog tem muito menos poder de apreciação das pessoas do que qualquer site de relacionamentos na internet. Com certeza já cai em um blog do qual nem o primeiro parágrafo foi lido por inteiro e já estava saindo dali. Tenho certeza que isso ocorre com o meu também (se você chegou até aqui, deixa um comentário pra gente saber), mas o mais interessante que acontece nos blogs é que você acaba encontrando e sendo encontrado por pessoas que comungam das mesmas idéias ou gostos. Frequentemente encontramos as mesmas pessoas postando em um blog pelo simples fato que ali foi estabelecido uma relação.

Principalmente para os meus amigos artitas e pensadores (historiólogos, jornalistas, psicólogos, professores e sociólogos) incentivo-os a levar essa idéia. No mínimo é um exercício mental e você mostra para as pessoas o que pensa, ou o que gosta de uma forma muita mais eficaz do que uma comunidade sobre determinado assunto em determinada página. Se você faz uma postagem a cada ano, de fato pode não ser tão eficaz. Não precisa ser um louco como eu que escreve sem parar. Mas criar o hábito de uma postagem por semana pode fazer uma diferença.

Fico feliz por ter incentivado alguns blogueiros, reincentivado blogueiros mais velhos que eu que estavam deixando o hábito de lado, ter apoiado com comentários alguns blogs que conheci e mesmo por continuar perturbando algumas pessoas que acredito ter o que falar para fazerem seus blogs. De uma forma geral, essas pessoas saberão que estou falando delas quando lerem isso. Uma única blogueira que quero citar hoje é  a Alice Tanaka que tem um blog sobre  acontecimentos culturais (http://embaladasembrasilia.wordpress.com/). Blogueiro entende blogueiro e seria tão surreal eu explicar como ela me ajuda a levar novas postagens ao ar que merece uma postagem exclusiva se eu for falar. E se você conseguiu chegar até aqui, vai no blog dela e posta lá também citando essa postagem para continuarmos sabendo que alguém leu (eita drama sentimentalóide). É óbvio que tudo é muito relativo, menos que isso tudo é apenas o que eu acho...

terça-feira, 4 de maio de 2010

John Pugh

Artista ou ilusionista?





John Pugh especializou-se em pintar murais em escala real para enganar o olhar do telespectador. Suas obras iludem quem passa despercebido pela rua. Cativados pela ilusão, o espectador é seduzido a atravessar um limiar artístico e, portanto, seduzido para explorar o conceito da peça.

 

Eu particularmente penso que ele é os dois.


Se quiser discordar de mim, sinta-se no direito, afinal de contas, como sempre é apenas o que eu acho...

segunda-feira, 3 de maio de 2010

Passado remoto


Numa outra hora conto de onde veio esse título, mas basicamente é um outro acontecimento em minha vida digna de postagem. A de hoje, aconteceu por volta de 1988.

Sou o que sou por ter tido um passado cheio de aventuras como a da mensagem na garrafa, a que vou contar agora e outras como a que originou o nome "passado remoto".

Tinha uma turma de amigos ao melhor estilo "The Goonies" que se não podia invadir um navio pirata, tentava dentro dos limites territoriais e a falta de limite de nossas imaginações vivenciar as aventuras e busca de tesouros perdidos. Tendo um quintal colossal como a minha querida vó Corina, fiz isso por muitas vezes, mas o auge da arquitetura, engenharia e pitadas de viagem (saudável de um adolescente), ocorreu com a compra de um desses modelos de avião para montar que se vende em lojas de brinquedo. Ele foi devidamente comprado ao percebermos que uma cisterna do prédio que moravamos estava em reforma e pensamos que ali poderíamos depositar o nosso tesouro. A parte mais complicada foi convencer os pedreiros que ali trabalhavam em concordar com o nosso plano. Com cara de perplexos e de quem nada entendia, eles enfim se rendem ao constatar que aquilo de fato em nada poderia prejudicar o trabalho realizado. Dessa forma se não tinhamos um tesouro, tinhamos um avião para montar. Se nos faltava o terreno, tinhamos um verdadeiro mausoléu para guardar esse pedaço de minha vida. Ele foi devidamente mapeado e  sei exatamente onde se encontra. O grande problema será convencer o atual síndico a quebrar a tampa de cimento para resgatar um aeroplano de brinquedo...




É apenas o que eu acho...

domingo, 2 de maio de 2010

Message in a bottle II

Ou: mensaje en una botella



Moro com um argentino que tem o costume de ler diariamente pela internet o jornal Clarin para saber das novas de sua terra natal e foi ele quem mostrou-me o relatado em seu jornal. Ele sabia que eu havia postado falando exatamente do que esse belga fez. Aos 14 anos mandou sua mensagem mar a dentro em uma garrafa que foi respondida por uma inglesa 33 anos depois via Facebook. Tem 26 anos que lancei a minha, mas realmente descreio que ela regresse-me. Bom, digamos que eu tenho ainda 7 anos frente Olivier Vandevalle, mas repasso esse informe pela poesia, romantismo e beleza que existe nesse ato. Uma certa amiga blogueira do sul relatou ter feito o mesmo. Se quiser arriscar o seu "portunhol", basta clicar aqui.



Es justo lo que pienso ...




sábado, 1 de maio de 2010

Aurora Boreal

Tem dias que Deus está inspirado e vai trabalhar em seu atelier










Se pensa que as imagens são alteradas, confira: