terça-feira, 29 de novembro de 2011

Tatuagem

Se existia algo que sabia que escreveria um dia nesse blog, era sobre tatuagem e por razões adversas, demorei muito para escrever, mas eis que Roger Marx foi o homem imbuído de apresentar-nos uma arte outrora marginalizado.


Perguntei ao tatuado tatuador em questão a sua definição de tatuagem. Qual não foi a minha surpresa quando Roger deu-me a resposta de que era uma coisa sem importância. Basicamente algo que penso em relação a música. Importante é comer, senão você morre. Se não se tatuar, ok. Nada substancialmente vai mudar em sua vida. Filosofias à parte, o artista em questão sente que ainda está longe de seu potencial pleno e livros e livros de arte podem ser vistos em seu atelier. Aprender sempre é preciso.

Aos 20 anos, se mudou para os Estados Unidos, onde foi tatuado pela primeira vez.Retornou a São Paulo e ganhou sua primeira máquina de tatuar de presente. A carreira de designer gráfico e ilustrador era então gradualmente trocada por gravar lembranças e imagens em peles alheias.

Para quem deseja conhecer um pouco mais de sua arte, siga-o em seu site: http://www.rogermarx.net 
Se quiser ter sua pele marcada, sua loja fica no Nimbus Studios e é exclusiva para tatuagens. Embora a prática seja comum, ele não aderiu ao mundo dos piercings (embora também os tenha). Acha o processo mais complicado do ponto de pista de tratar-se de pequenas intervenções cirúrgicas.


A arte frequentemente cria uma vida longe da rotina para os que resolvem tomar tal caminho e assim, o bisneto de Frei Galvão, único santo brasileiro, freqüentemente viaja aos Estados Unidos para se reciclar e assim conheceu Tracii Guns do LA Guns, um dos fundadores da trupe de Axl e Slash. Por indicação do tal, o baixista da banda de Duff McKagan que veio tocar no SWU com seu projeto solo Duff McKagan Loaded, tatuou-se com ele. Saindo do hotel, encontra a banda Down chegando e entre membros da equipe (e do próprio festival), tatuou inclusive o vocalista Phil Anselmo após seu show. Nessa sucessão de acontecimentos que é a vida, você pode ser o próximo a encarar a tinta do rapaz.





A tatoo no punho de Phil é de sua autoria e sinto que posso ser riscado a qualquer momento...



domingo, 20 de novembro de 2011

Efeito Kurt Cobain

O emblemático vocalista do Nirvana morava em Aberdeen. Uma cidade do interior com pouco mais de 16 mil habitantes. A loja de disco que por lá existia, possuía apenas clássicos de venda garantida como Beatles, Madonna ou Michael Jackson. Na banca de revista no entanto, lia sobre Clash, Ramones, Sex Pistols ou Dead Kennedys e sabia que era aquela atitude que ele queria imprimir ao seu som, no entanto, nos anos 80 não existia a internet onde você pode baixar o disco desejado. Resultado? Ele só foi ouvir essas bandas anos depois após a já consagração de sua banda.

Nesses mesmos anos 80, quando morava em Rio Claro, passei pela mesma coisa. Na rádio, tocava Blitz e na revista Bizz eu lia sobre bandas como Fellini, Cabine C, Akira S e As Garotas Que Erraram, As Mercenárias, Plebe Rude e Aborto Elétrico (que originaria bandas como Capital Inicial e Legião Urbana). Ou seja, identifiquei-me por completo com Kurt Cobain quando li sobre o fato.

Nos dias de hoje, temos uma realidade completamente diferente. 2006 mais ou menos e dava aula para o embrião do grande músico que tornou-se Eduardo Marmo. Ele não gostava de Led Zeppelin, mas como baixista de rock, passei-lhe uma música. Qual não foi minha surpresa quando na semana posterior estava ele com a discografia completa da banda através da facilidade da internet.

Pois bem, onde quero chegar com essa história? No Beco 203 localizado na Rua Augusta, 609. Por qual motivo? Simples, se a grande rede trouxe-nos a facilidade de ouvir a canção que quisermos, temos um novo momento onde as pessoas voltam-se aos palcos para ver tais músicas de forma pulsante e viva. Interpretadas e não aprisionadas em um mp3. Ocorre que nesse encontro específico, a banda Kafka Show interpreta canções da banda Fellini com participações de André Revolver e o próprio guitarrista da banda, Jair Marcos. Prato cheio para unir antigos fãs da banda paulistana a nova roupagem Kafkaniana. 

Uns reouvirão velhas canções, outras conhecerão como se essa música fosse feita no último semestre, mas ambos presenciarão um trabalho feito por músicos dispostos apenas a tocar e se divertir sem cair na mesmice radiofônica de hoje.


Maiores informações: http://www.beco203.com.br

E se você quer assistir ao show na faixa, siga no Twitter @demetriusmusic e diga que quer ver Kafka Show toca Fellini.

sábado, 19 de novembro de 2011

Eu não quero a culpa de Monte Belo

Gostaria de um dia olhar para os livros de história e saber que os homens fizeram o que obviamente é o correto. Nunca a humanidade foi capaz de replantar de forma efetiva o que destruiu e como posso crer que dessa vez conseguirá? Aliás, já nos destruímos mesmo não é? O que dirá das árvores e índios que moram tão longe de nós que nem ligaremos?

Em um país do jeitinho brasileiro, podem apostar que uma dúzia de pessoas está dando seu jeitinho para ganhar dinheiro pra caramba, afinal, ganhar alguns milhões e ver a terra se explodir daqui uns anos quando não estiver mais na terra parece tentador.

Para que mais usinas se a de Itaipu trabalha com apenas 5% de sua capacidade? Me perdoem os que são favoráveis a essa insanidade, mas até hoje, ninguém nunca me apresentou argumentos realmente descentes sobre essa atrocidade.  Os EIA (estudos de impacto ambiental) e o RIMA (Relatório de impacto ambiental) sobre o caso em questão simplesmente não bate, mas no país do samba, isso pouco interessa. 

Eu que sou conhecido por várias características tidas como estranhas como a de não assistir tv, fiquei impressionado quando um vídeo com atores conhecidos do grande público alavancaram uma corrente na internet que pode tentar mudar algo.

Uma vez na vida, não tenha preguiça e assine a petição que segue (lembrando que não sou de pedir nesse blog). Veja também o vídeo e se possível, compartilhe essa matéria.


sexta-feira, 18 de novembro de 2011

Faith no More

De novo. Com aniversário de dois anos do blog, o assunto que me fez ter vontade de começar tudo por aqui em 02.11.2009.

Fã inconteste da banda, resolvi escrever alguns dias depois com um outro olhar. Diferente das vezes em que assistia um show e no dia posterior escrevia sobre, dessa vez preferi rever o show novamente em casa de uma maneira mais fria e após ler dezenas de resenhas sobre o show do quinteto americano. E por que resolvi fazer assim? Por saber que ninguém é imparcial o suficiente para não puxar sardinha para lado algum, ou seja, isso continua como sempre sendo apenas o que eu acho...

1:30h da manhã debaixo de chuva torrencial (do qual eu velho de eventos do tipo tinha uma capa de chuva e pés envoltos em saco plástico após o toque do amigo Diogo de Nazaré da banda Kafka Show). Verdade que vi um grande números de pessoas que foram para ver Alice in Chains, Megadeth, Sonic Youth, Stone Temple Pilots, Primus e Crystal Castle e com certeza, outros milhares foram ver outras bandas. Houve inclusive quem não conseguisse se aproximar depois de se esbaldar com Alice in Chains (não é Deborah Evelyn?), ou mesmo que tenha saído antes após o êxtase atingido por conta do Sonic Youth (dessa vez Junior Muniz), mas eu estava colado na grade e vi o senhor "Mike preto Patton velho" passar ao meu lado com total alusão a cultura brasileira em sua vestimenta, assim como o do restante da banda e mesmo dos roadies. O palco era de uma brancura pincelada com flores pelo palco. A banda mostrando-se sempre inusitadas.

Acredito que o senhor vocalista em seus 43 anos sabia dessa vez que tinha a platéia na mão. Após 2009 com o retorno da banda e um show memorável onde cunhou-se a expressão "Porra Caralho" de forma definitiva pela banda e ter a tal expressão ecoado mesmo no Rock in Rio quando ele veio com um projeto completamente diferente (Mondo Cane) e relativamente calmo para os parâmetros pattonianos. 

A essa altura, não esperava mais do que outro show memorável. O que me espantou dessa vez, foi o número grandioso de pessoas com vinte e poucos anos entoando as canções daquela banda "esquisita". Competente com o senhor das mil vozes entoando suas canções, acompanhadas por Billy Gould no baixo e seu timbre peculiar, Mike Bordin descendo a mão na bateria que fez Ozzy chama-lo para seu trabalho solo, Roddy Bottum e seus teclados totalmente fora do convencional para uma banda de rock e a classe e discrição das guitarras de Jon Hudson que por vezes me lembra Brian May. 

Na verdade, o que quero dizer, é que essa banda continua me impressionando mesmo por seus caminhos tortuosos. Eles nunca serão populares como U2 ou Madonna, mas sempre serão lembrados. Quando surgiram, seu som era completamente diferente de tudo que existia e se por acaso você escuta hoje e acha normal, saiba que foi eles que abriram as portas para o som que ficou normal após ser copiado por milhares da bandas. Mesmo assim, vejo músicos torcendo o nariz para eles e sinceramente não é essa questão. Em música, uns trabalhos me atraem, outros não e o mundo seria melhor se todos assim fizessem.

Quanto ao que li escrito, também me impressionei. Se não existe unanimidade na música, esse show bateu na trave. experimente jogar "Faith no More no SWU" em seu buscador de preferência e encontre expressões como: Show histórico, Faith no More faz público esquecer chuva, Show épico, Mãe e filhos dormem na fila para ver show, um dos melhores shows do ano, show apocalíptico, Insanidade do Faith no More encerra os shows do SWU... bom parar por aqui.

Abaixo, o show na íntegra. Resolvi não pinçar um melhor momento e sim deixar para quem quiser ver por completo com pequenas falhas técnicas, intervenção de um artista popular de Pernambuco, o tombo que Patton leva quando assume uma das câmeras de tv para ver o quanto o nosso mestre de cerimonias pode ser visceral, mas técnico, artista e cativante mesmo com a enxurrada de palavrões tupiniquins. Não é a toa em que em nossa pátria é que o Faith no More tem mais fãs...


Se você tiver paciência para brincar a essa altura do campeonato, encontre-me com uma hora e 55 segundos de show e vejam a compenetração desse que vos escreve...

É por essas e outras que esperei baixar a bola e escrever friamente. Li muita coisa e inclusive coisas que não concordei como o Faith no More é o único trabalho onde o genial Mike Patton produz música boa. Em minhas aulas, passo pela estética e a filosofia sobre o belo. Isso é extremamente relativo e nosso vocalista tem sim diversos trabalhos que caminham com a bizarrice de mãos dadas, mas se o considerado pelo jornalista em questão é que o Faith não é bizarro, vale pesquisar trabalhos como Lovage ou Umlaut onde o vocalista das mil vozes mostra-se um outro intérprete.

Para variar, tudo isso...

...é apenas o que eu acho.