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domingo, 11 de setembro de 2016

Arte da mentira

Ontem mesmo havia escrito sobre a percepção das manifestações estarem se alterando de alguma forma de quem vê apenas do lado de fora. Aliás, o próprio Michel Temer parece ter modificado seu discurso sobre as atuais manifestações.

 Como ontem, também haveria uma manifestação da qual eu não tinha ideia e dessa vez, houve muitas mães com crianças de colo e o que me cansa as vezes, são argumentos que parecem ser vociferados sem o menor questionamento sobre o que se fala. Eu já mudei opiniões sobre coisas pensadas com tempo. Fico imaginando desse internauta que fala alguma coisa impensadamente após se deparar com algum novo fato.

Uma grande birra que lia nos comentários ontem é que as mães levarem as crianças era um "tática comunista de escudo humano".

Embora eu não tenha coragem de fazer algo do tipo (afinal de contas, não levaria nem para um estádio de futebol, que dirá de manifestações coibidas pela PM), o que pensam essas pessoas? Que de fato as usariam como escudos? Ok, Vamos partir do ponto que simbolicamente sim. A polícia não interviria com violência por portarem crianças de colo, mas se ela já fez isso contra crianças e idosos, não poderia fazer novamente? Não seria um risco enorme para uma mãe (pai, tio, vó, professor) colocar em uma criança? Depois de um ataque, seriam elas literalmente escudos? E se precisarem atacar para se defender? Usam as crianças como tacapes?

Sinceramente não penso ter fundamento nessa linha de raciocínio. Volto a dizer que não faria isso, o que não significa que eu pense que esta é a "função"  das crianças nas ruas.

Aliás, para finalizar, em redes sociais encontrei a foto da capa do The Economist:


Art of the lie, ou "Arte da mentira". Em suma, o artigo coloca culpa na própria mídia por algumas razões, mas alerta que fazemos parte desse processo (e culpa). Mentiras absurdas de Trump, Erdogan e Putin são jogadas na net e simplesmente compartilhada (e óbvio que no Brasil). A grande maioria das pessoas simplesmente preferem acreditar no que o amigo postou sem checar as informações...

Abramos os olhos apenas. Posso me enganar. Aliás essa é uma outra percepção que tenho no momento. As pessoas simplesmente falam como quem tem certeza absoluta de que estão corretas.

Como diria o músico Felipe Tancini: " O problema não é o que você acha, o problema é o que você tem certeza"

sábado, 10 de setembro de 2016

As manifestações de hoje são como as de 2013?


Ainda ali no calor das manifestações de 2013, Slavoj Zizek é perguntado sobre o que se daria com o Brasil e ele foi categórico em falar que tudo dependeria de como a nação se colocaria pós manifestações e eu particularmente fiquei um tanto quanto desanimado quando percebi que a classe política que entrou em pânico em um primeiro momento conseguiu reverter a energia da população contra si mesmo elegendo de forma binária apenas dois lados. Dessa feita, mais de 90% da população se colocou de um lado contra o restante que também tinham suas guardas levantadas. O resultado? Políticos voltam a nadar de braçada como se diz na gíria.

Alguma coisa mudou nas atuais manifestações? Não. Pelo menos por enquanto, ainda não e elas pipocam por toda parte. Ontem mesmo teve outra em São Paulo 18h no vão livre do Masp.

A única fagulha de mudança que começo a notar nesse momento, é que jornalistas independentes parecem querer mostrar o que acontece lá de dentro das manifestações e não apenas aquela tomada superficial de alguns orgãos. Alguns advogados independentes também estão se expondo para tentar coibir o excesso promovido pela força do estado e para minha surpresa, alguns meios começam a falar de manifestação "enfim pacífica" ou coisas do tipo.

Na manifestação que fui dia 8 de setembro, via crianças, mulheres, idosos, adolescentes. Gente dos mais diversos perfis e pensava que a absoluta maioridade daquele povo não queria combate físico e apenas ideológico. Que mãe levaria uma criança para uma manifestação para enfrentar policiamento? Isso não me parece muito coerente.


Tentei puxar na memória de greves e manifestações dos operários do ABC que em sua total maioria são homens e não me recordo de confusões e quebra-quebra. Então me parece que tem alguma coisa mal contada aí.

Apesar disso, temos artistas, pensadores, filósofos e uma classe que tem instigado o povo ao pensamento.

Finalmente, o poder que todo mundo tem hoje em dia se ser mídia com seus celulares filmando tudo. Muita coisa já foi questionada através de imagens de manifestantes.

Enfim, ainda vejo as atuais manifestações com os participantes crendo que um lado seja bom contra o outro que é mal. Para piorar tudo, o uso de força repressora vem apenas quando as manifestações se dão contra um único lado e isso é deveras preocupante.





P.S.:Fotos por Demétrius Carvalho