sexta-feira, 26 de dezembro de 2014

O fim da democracia representativa...

Consegui passar todo o período das eleições sem me manifestar no quanto nosso sistema está falido. Resolvi que faria e falaria de política de outras maneiras do que ficar brigando com pessoas por um lado (mesmo por que não acredito nesses lados).


Uma única dúvida perturba a minha cabeça, afinal de conta, dos novos ministros, ao menos 3 respondem processos judiciais. São eles Kátia Abreu, Eduardo Braga e Helder Barbalho. Todos por sinal do PMDB que passou de 5 para 6 pastas no atual governo. Enquanto o povo briga por causa de PSDB e PT, o PMDB aprendeu a fazer o jogo ardiloso e sempre estar junto dos que estão no poder.

Aliás, esse ministério parece um prêmio do estado aos que se opõe ao povo. Kátia Abreu é conhecida como Miss Moto-serra por exemplo, Cid Gomes tem uma greve de cerca de cem dias das faculdades de seu estado e declara que se o professor não dê aula por dinheiro, que dê aula por amor. Tome o ministério da Educação. Aldo Rabelo de Ciência e Tecnologia mas já defendeu o não uso dela para não mexer na máquina como está. Sem contar Garotinho, Kassab...

A pergunta é:

Será que Aécio conseguiria montar um ministério tão ruim?

Diga-se de passagem, um ministério não com nomes técnicos para a pasta, mas com nomes que sabem fazer política (no pior uso da expressão)

É apenas o que eu acho...


P.S.: Mais do que na hora da população se inteirar de outras alternativas encontradas ao redor do mundo. De representativa, está aí o estado representando as empreiteiras que bancaram suas campanhas.

segunda-feira, 22 de dezembro de 2014

Joe Cocker para sempre

Fico feliz por olhar o que escrevi sobre ele em 2010 e achar que em nada muda a minha opinião.

Quantas vezes já não usei esse vídeo em aulas, palestras ou workshops?

Ainda digo mais. Se ele tivesse falecido exatamente após essa apresentação, de preferência passando mal e sendo televisionado, ele seria considerado o maior vocalista de todos os tempos, mas nós seres humanos que somos julgadores, falhos e completamente implacáveis com as pessoas, devemos nos lembrar do tiozinho de 70 anos que canta música de striptease.

Me lembro de já ter mostrado essa música para uma amiga que fez faculdade de música e que nos primeiros segundos em que ele abra a boca, ela já aponta "falhas técnicas" em sua performance.

Esqueça a técnica. Isso aqui é vida:



Ringo Starr dos Beatles foi exatamente uma das primeiras pessoas a comentar a ida dessa potente voz em sua conta no Twitter: "Adeus e Deus abençoe Joe Cocker, de um de seus amigos. Paz e amor. R. "


sexta-feira, 19 de dezembro de 2014

Traçando outros caminhos II



Poucos dias atrás, escrevi sobre Lígia Oki que tornou-se estlista obedecendo a paixão de seu coração. Hoje veremos uma nova retomada de vida, dessa vez vivida por Elias Mendes. Ele tinha um caminho devidamente traçado dentro dos caminhos habituais de nossa sociedade. Cursava agrononmia e era só seguir em frente. Já estava com 2 anos de curso e vivências práticas em sua nova profissão, mas a preocupação pelo ser humano, o chamou em outras direções. Preoucupações estas despertadas por volta de seus 14 anos quando realmente se interessou por astrologia. Essa inquietação e busca pelo próximo o levaram ao curso de psicologia. Ele sanaria suas inquietações e estaria ainda dentro dos caminhos tomados e aceitos pela sociedade. Foram mais 2 anos e o sentimento não passava. Paralelamente a astrologia ganhava dimensões maiores e mais profundas.

A grande e definitiva virada foi em 2007 quando a própria psicologia foi deixada de lado para finalmente Elias encontrar seus caminhos e respostas. Desde então, a astrologia passou a ser a coisa mais importante de sua vida e sua profissão ajudando tanto a si quanto ao próximo. Escreve para o www.megastrologia.com desde 2007 para este que é um dos maiores sites sobre o assunto.

Como sua vida migrou em definitivo para a astrologia, ele faz questão de lembrar que é um sargitariano com Ascendente em Gêmeos, cujo mapa é formado basicamente por signos mutáveis, todos eles, em grande quantidade.

Elias mora em Florianópolis e faz consultas astrológicas via internet ou presencial e nesse momento se encontra em São Paulo onde ministrará um curso com mais dois palestrantes nesse sábado 20 de dezembro. Se deseja saber um pouco mais sobre esse encontro, clique aqui para saber sobre o evento que tem ainda poucas vagas.


Ou mesmo dar uma conferida sobre a página criada para o encontro no Facebook.

Para quem gosta de mudanças e novas direções no final de cada ano, pode ser uma boa pedida.

terça-feira, 16 de dezembro de 2014

ReConstrução

FOTO: IVAN SILVA


Todo dia ela faz tudo sempre igual...
Me sacodiu, me sorriu e me beijou com a boca de hortelã.

Era para ser igual como os outros dias. Ela dizer para eu me cuidar e essas coisas que diz toda mulher, que me esperaria para o jantar e me beijar com a boca de café.

Logo na saída de casa, consulto o celular/computador/vida de cada um de nós e então eu simplesmente soube que um amigo havia falecido. Havia ficado hospitalizado por cerca de 25 dias e uma pneumonia que desencadeou isso, que desencadeou aquilo que culminou com uma infecção generalizada, que deu off em seu celular/computador/vida.

Celular... computador... com puta dor... sem vida. 

A notícia me abalou e não interessava que não o via de fato uns 20 anos e que talvez uns dez mesmo em tempos de redes sociais. Será que o veria nos próximos dias? Meses? Anos? 20 anos? Talvez não e não era esse o problema. A desconexão eminente era o que me dilacerava no momento.

Meus sentimentos por ele iam wi fi e eu só podia esperar que nossos celulares/computadores/vida se conectassem naquele momento e o dia foi estranho. Foi surdo no meio da barulheira de sempre, ou talvez meu silêncio falasse mais alto. Pensei que tinha passado o dia em câmera lenta, mas ao final do dia, havia produzido e embalado 183 caixas. 9 acima de minha média. Ok. Não era meu recorde, mas era um número muito alto para quem não conseguiu pensar. Talvez esse tenha sido o segredo… não pensar.

Hora de voltar para casa e a cabeça estava completamente distante. Paralisei em frente da barbearia onde meu avô cortava o cabelo e trazia o meu pai que trazia-me e eu já trazia o meu filho… Será que meu bisavô cortava aqui? Meu neto cortará aqui? Isso não interessava por hora, o que me paralisou foi na verdade um flash de que ali, cerca de vinte anos atrás eu via pela última vez o meu amigo. Não lembro quem cortou o cabelo primeiro, mas o outro ficou por ali na escada sentado e conversando besteira. Não parecia que seria a última vez que nos veríamos. Daí depois disso eu viajei de férias, quando voltei, soube que ele havia se mudado de bairro e simplesmente perdi o contato dele. Confesso que por algum tempo, ele praticamente não existia mais em minha memória até ser reencontrado pelas redes sociais. Foi aquela empolgarão, aquela promessa de vamos nos ver, jogar bola, tomar uma cerveja e nada aconteceu. Eu casava, ele viajava, eu tinha que trabalhar, ele estudar e foi-se escorrendo por novas teclas e conexões em nossos celulares/computadores/vidas…

A porta da barbearia se fecha com o dia se aproximando de seu fim. Não reparava em seu Oswaldo há muito tempo, mas notei hoje mais velho. Realmente mais velho. Me cumprimentou com aquele olhar simpático, mas cansado e se foi. Fiquei olhando para a portão de correr. Visivelmente mais acabado também. Riscado, com papel adesivo, sujo e feio como se fosse cada um de nós se desgastando com o tempo, mas eles possuem lá suas vantagens. Uma reforma e ele pareceria novinho em folha. Já eu, meu amigo que se foi, seu Oswaldo ou mesmo meu filho, não tem volta.

Sentei e saquei meu celular/computador/vida.

– Ingrid?
– Oi?
– Lembra do Léo?
– Léo… Léo… que Léo?
– Aquele do colégio. Primo do Rafael.
– Ah, nossa… quanto tempo. Sei sim, o que tem?
– Vou dar uma passada na casa dele. Só para dizer um oi. Demoro meia hora tá?
– Mas hoje? Assim do nada? Qual o motivo?
– Nenhum em especial, apenas  que se eu esperar para amanhã, pode virar 20 anos e ele pode ter ido, ou mesmo eu ido dele por um único dia e nunca saberemos.
– É. A vida não está sob nosso controle. Passei a tarde pensando na Renata por causa disso…
– Amanhã é sábado. Chama ela para ir ao parque conosco.
– Será?
– E o que vamos fazer? Ver tv pensando que a gente poderia estar fazendo aquilo que a gente teve preguiça de fazer? Passam-se alguns segundos em silêncio e sei lá o que ela pensava. Pode ser que ela tenha pensado no sei lá que eu tenha pensado…
– É… vamos. É uma boa.


Seis da tarde como era de se esperar ela pega e me espera no portão diz que está muito louca pra me beijar e me beija com a boca da paixão. Disse para eu não me afastar, me jurou amor, me apertou até quase sufocar e me morde com a boca de pavor...

segunda-feira, 15 de dezembro de 2014

Traçando outros caminhos



Antes de ser estilista eu sou fotógrafa, fiz faculdade no Senac, e as vezes fazia alguma roupa pra mim, a mão, só com uma agulha simples, demorava muitas horas. Eu morava em Diadema e recentemente vim morar no centro de São Paulo, e passando na rua vi um tecido lindo e já imaginei como modelaria. Modelo a partir da estampa. Pois a estampa influencia no caimento, na forma da roupa. 

Eu já estava pensando em desenvolver um projeto em Moda porque abriu no PROAC um edital que incentiva Moda, e este ano moda passou a ser considerado arte, podendo ser patrocinado também através da Lei Rouanet. Mandei um projeto pro PROAC que não foi aprovado, mas serviu para desenhar os croquis e desenvolver o conceito da marca. O conceito é misturar nas roupas a cultura Afro e a cultura Nipo (japonesa). Eu vejo muitos encontros estéticos entre as roupas tradicionais das duas culturas, alem de eu ser filha de uma afro, com um japonês. Eu busquei nas minhas origens inspiração pra criar, comecei pesquisando, mas logo passei pra pratica. O primeiro vestido que fiz nesse processo já foi um sucesso: O vestido Miriam Makeba. 

Foi tudo muito rápido. Costurei o vestido e fui pra balada com ele. As pessoas me paravam pra saber onde comprei. Então no dia seguinte comecei a costurar outros vestidos e postei no facebook. "Alguma mulher maior que eu poderia vir provar uns vestidos que estou fazendo." E para minha sorte, uma garota que conheci numa festa disse que viria e veio. A sorte é que ela é negra, alta e linda. Cici Andrade a moça da foto, que se tornou a partir dai uma parceira. Ela é cantora. Postei a foto no meu facebook e recebi um monte de encomendas. Mensagens de interesse. Corri e comprei uma maquina de costura com ajuda da minha família. Era meu aniversário. Normalmente eu passo fazendo festa, mas passei trabalhando nisso. Fui atrás de tecidos com as minhas economias. A máquina chegou dia 28 de outubro. Li o manual, fiz alguns testes, porque nunca fiz curso. E comecei a costurar todos os dias umas 12 horas por dia. Consegui dar conta dos trabalhos de fotografia também. Aliás a fotografia me ajuda muito, pois já faço e já fotografo e posto. Foi um mês muito intenso, pois sendo novembro o mês da consciência negra, fui convidada pra muitos eventos: saraus, festas em baladas. (2 Festas Obá, uma na Confraria Nossacasa e outra no Morfeus, 2 Saraus Identidade das Mulheres Negras e um desfile no Sarau das Rosas). 



Também fui no Mercado Roque Santeiro que é um bazar, e no Bazar da Casa 5. Vendi também nos eventos que fotografei nos equipamentos da prefeitura de São Paulo: Fabricas de Cultura e CEUs. Fui contratada para fotografar o projeto Espetáculo que ocorre no Fabrica de Cultura e para fotografar os shows do Fabio Nunez que ocorreu no CEU Navegantes e no CEU Alvarenga. 

A grande dificuldade que tenho encontrado é com o fornecimento de tecidos africanos. As encomendas atrasaram, os tecidos são difíceis de obter igual ao que já se comprou, e são caros. Mas são lindos, e o fato de serem relativamente raros no mercado traz destaque às roupas. Mas já tenho um fornecedor que é capaz de repetir tecidos, importa. Mas tecidos japoneses eu ainda não tenho. Queria tecidos com estampas tradicionais, não contemporâneos como mangas, pelo menos por enquanto. O que eu tenho feito é utilizar tecidos e formas que remetam ao trabalho de artistas mulheres japonesas e africanas, ou afro descendentes, e tenho homenageado essas mulheres dando o nome delas aos vestidos. É uma maneira de ampliar a divulgação do trabalho delas, pois posto fotos e vídeos e atiço a curiosidade das pessoas que acessam a minha página. Até agora foram homenageadas: Miriam Makeba (cantora), Clara Nunes (cantora), Glória Bonfim (cantora), Carolina de Jesus (poeta),Clementina de Jesus (cantora), Lia de Itamaracá (cantora de ciranda), Dandara (guerreira e esposa de Zumbi dos Palmares), Yemanja (entidade afro-brasileira), Yayoi Kusana (artista da exposição Obsessão Infinita), Yoku Ono (artista companheira do John Lennon), Kaori Momoi (atriz do filme Memórias de uma Gueixa). 

Eu me sinto com uma criatividade infinita porque cada pessoa, cada corpo, cada tecido, sugerem novas coisas. Tenho trabalhado muito e apaixonadamente. Sinto uma certa tensão na minha vida pessoal por conta de ficar muito tempo trabalhando e ter pouco tempo para a família e amigos, mas tenho tido ganhos sociais também, conhecido muita gente interessante, feito belas parcerias. Umas das minhas parceiras é a Lilia Reis do Coletivo Diadenêgas, ela é performer e contadora de histórias e pelo coletivo faz ações relacionadas as demandas das mulheres negras. Outra parceira é a Miriam Selma do Coletivo Levante Mulher, que me convidou para fazer o desfile no Sarau das Rosas produzido pelo coletivo. Também tenho tido muito incentivos individuais, as pessoas tem gostado muito do trabalho. Minha vida mudou muito, me sinto uma mulher muito empodeirada, e nem parece que faz tão pouco tempo que tomei esse rumo. 

Há muitos anos sou feminista, mas não via as vestimentas como vejo agora. Numa conversa com Aline Maria, minha amiga, ela me disse: "Que bacana suas roupas, é tão bom ser independente no vestir, assim como no se alimentar. Não estar refém dos outros. Eu adoro cozinhar, faço como eu quero." Eu não via como um poder, mas agora sei que é. Eu determino o que vou usar. Tenho feito roupas sob-medida e percebo que o mercado não contempla a variedade de corpos que existem, preferem forçar a barra para que as pessoas entrem nas roupas, tanto em relação a magreza quando em relação a cultura, em vez de fazer roupas que sirvam nas pessoas, roupas em que elas se identifiquem, que atendam as necessidades delas. Entendi que o mercado não é feito para atender necessidades é feito para acumular riquezas. Eu não sou contra a prosperidade no entanto. Sou próspera e quero continuar próspera e ajudar as pessoas a prosperar. Ser uma mulher próspera é ser livre, dando conta das próprias necessidades materiais, e ser realizada. 

Outra amiga comentou que sua prima fez faculdade de Moda, mas não sabe o que fazer. Acredito que isso aconteça porque uma boa ideia precisa de repertório, de diversas vivências que vão ampliar o olhar pro mundo e pra si mesma. Produzir algo criativo é como parir algo que se gestou um tempo. Apesar da velocidade com que me tornei estilista, os pré-requisitos que embasam meu trabalho eu desenvolvi ao longo da vida. Viver no centro de São Paulo é um fato que possibilitou esse caminho, devido a efervescência cultural daqui, da maior liberdade individual, mais reflexões políticas, e das facilidades estruturais como metrô e proximidade dos fornecedores. Eu dei a cara a tapa, e fui experimentando coisas, agora estou avaliando o que vivi esse mês, para definir como seguir. Tudo foi surpreendente, eu não esperava por tamanho reconhecimento, mas preciso ver o que eu consigo dar conta a partir de agora, ou melhor, como vou dar conta, e do que vou dar conta. 2015 promete!



Contato de Lígia Oki: ligiaoki@gmail.com ou em sua página no Facebook.

sexta-feira, 12 de dezembro de 2014

Chun li x Bolsonaro

Desenho de Sérgio Rossi*


Eu gostaria realmente de saber o que torna uma pessoa "estuprável" na cabeça do deputado federal Jair Bolsonaro.

Isso não só é entristecedor como preocupante visto que este ex-militar sendo deputado federal tem as seguintes funções:

–  Propõe e modifica leis;
– Aprove e discute leis;
– Fiscaliza o governo com o TCU;
– Investiga denúncias nas CPIs;
– Autoriza a abertura de processo contra o presidente da República;
– Propõe emendas parlamentares e aprova o orçamento da União;
– Cobrar prestação de contas do presidente da República entre outras coisas.

Imaginando hipoteticamente que Bolsonaro fosse para a prisão e os outros detentos fossem para cima dele, eu sinceramente gostaria de saber se em seu critério ele é "estuprável", afinal de contas, ele não deve ser "rodado" né?

E fica aqui um aviso das meninas rodadas muito bem lembrado pelo meu amigo fotógrafo Roniel Felipe. Não pode usar mais a Chun Li quando for brincar não ok?

Ela vai dar uma rodada na sua cara....




*Desenho de Sérgio Rossi, ilustrador e grafiteiro.


quinta-feira, 11 de dezembro de 2014

Garota rodada...

Então garotão, você pode rodar a baiana e quer uma "zerada"?

Já pensou em uma mulher inflável de plástico só sua por toda a vida e que vai estar ali sempre que você quiser? 100% do tempo? Pode ser uma boa aquisição em amigão, afinal de contas, mulher nenhuma do mundo se enquadra nesse perfil garotão.

Nem a sua mãe.

Outra alternativa interessante aos adeptos desse pensamento é o celibato.

Vai que essas lindas resolvem deixar caras como ele de lado né? Daí você pode passar muito tempo meditando sobre o quão sexista é essa postura.

Vai lá gato... com esse seu jeitinho Bolsonaro de ser...

quarta-feira, 29 de outubro de 2014

LUCAS, O GATO TETRAPLÉGICO RESGATADO EM OSASCO-SP

Lucas me ensinando sobre amor, resiliência, paciência e carinho.

Essa é a conclusão de Beatriz Silva sobre o gato que resgatou dia 1 de outubro em Osasco, no Jardim Veloso, um entre tantos outros casos de resgate da região. Lucas tem sensibilidade nas patas, mas não anda, fez diversos exames e tem um quadro delicado de saúde (não há lesão medular ou na coluna). É realmente um quadro neurológico e que ainda precisa de exames para ter um diagnóstico certo, mas já trabalha-se com a hipótese de hipoplasia medular cerebral como maior suspeita de seu caso. Como só há tratamentos paliativos, faz-se o melhor para seu cuidado e conforto. Lucas se alimenta da pastinha adhills pela seringa ou recovery, mas tem fome e é animado.

Beatriz agradece os veterinários que atenderam o Lucas, e cederam suas consultas gratuitamente. "Sem exceção, foram maravilhosos com ele TODO O TEMPO com amor, atenção e carinho. Deus abençoe TODOS vocês." 

Felizmente só temos pago pelos exames e medicamentos. Agradeço também a toda força que a ASSEAMA - Associação Espírita Amigos dos Animais tem nos oferecido com amor, carinho, orações e recursos para ajudar o Lucas.
Continuamos na torcida pela sua cura. Para que os novos exames possam nos dar uma luz, um tratamento, uma chance de que ele seja curado.  Orem por ele!!! Colaborem se puder, só chamar inbox. Tim 9.8445-5314.



Nessa foto fazendo acupuntura e tomando choquinhos de estimulação.
Ele está fazendo acupuntura e fisioterapia 1 vez na semana no Rio Pequeno. O ideal seriam 2 vezes na semana. Beatriz é conhecida por proteção e causas animais na cidade de Osasco. Eu a conheço pessoalmente e posso atestar que ela é uma daquelas pessoas de coração maior do que o que lhe cabe, resgatando e tentando auxiliar todos os animais possíveis (não apenas os felinos) e isso inclui limitar inclusive seu padrão de vida pelos pequenos.


Lucas entrou com novos medicamentos essa semana para que possa melhorar sua condição. Está fazendo fisioterapia para não perder o tônus muscular e iniciou acupuntura.

Continuamos na torcida pela tratamento do Lucas. Para que os novos exames possam nos dar uma luz, um tratamento, uma chance...de que ele seja curado...ou mesmo tenha mais qualidade de vida.
Acompanhem o álbum dele no facebook ou mesmo o vídeo.

Por hora ele possui a alimentação necessária, mas toda a ajuda é bem vinda, afinal ela não sabe ainda como será seu futuro. Vai depender de como ele reagir aos tratamentos.


Bradesco ag 1382-0 e c.c 0127990-4
Banco do Brasil ag 6838-1 e c.c 25923-3

quarta-feira, 15 de outubro de 2014

Alt-j (∆)

Motivos incríveis para amar Alt-J (∆)  



Alt-J, também conhecida pelo símbolo delta Δ (que é a junção das teclas, se digitadas em um Mac OS) é uma banda de rock alternativo britânica. Formada em 2007, em Leeds, na Inglaterra, os integrantes se conheceram na universidade e, apesar de tanto tempo juntos, lançaram seu primeiro e por enquanto único álbum, An Awesome Wave, só em 2012.



O som da banda é incrível e bem peculiar, pois como tinham que ensaiar no quarto da universidade, não podiam fazer muito barulho. Então, eles abdicaram do baixo e do bumbo da bateria em algumas músicas, que normalmente aparecem em todas as bandas. Alt-J passa por vários estilos nas 13 faixas do CD, mas não deixa de manter o seu próprio. É o tipo de música que, se você ouvir no rádio, com certeza vai saber de quem é. No entanto, o motivo desse post e o que vai te deixar apaixonado por eles não é (só) o som, e sim as letras e todas as surpresas que elas trazem.

Quer descobrir do que eu estou falando? Dá uma olhadinha:

Para começar, vamos falar do single e da minha música preferida: “Breezeblocks” tem um clipe sensacional que vai te tirar o fôlego e fazer dar replay muitas vezes. Além disso, o grupo fez alusão ao livro infantil de Maurice Sendak, Onde Vivem os Monstros, na parte final da música.



“Please don’t go. I’ll eat you whole. I love you so. I love you so, I love you so”

No livro de Maurice, Max é um menino desobediente que, após brigar com a mãe, vai para uma terra habitada por monstros que o declaram rei. Mas com o passar do tempo, Max sente falta da família e decide voltar. É quando os monstros dizem para ele não ir embora e que o comeriam. De acordo com a banda, o tema trata de um amor obssessivo, onde você é capaz de machucar quem você gosta para ela não fugir. Tudo a ver com o clipe e com a frase!


Em “Fitzpleasure”, não só a música é forte como todo o simbolismo por trás dela. Há muita coisa envolvida. Ela foi inspirada no livro de Hubert Selby Jr., Last Exit to Brooklyn, de 1964. A obra tornou-se um clássico pelo retrato da vida no Brooklyn e pela franqueza ao abordar assuntos como drogas, violência, estupros, homossexualidade e travestismo. O livro é dividido em seis partes, cada uma com um conto diferente. A que inspirou Alt-J foi “Tralala”, onde retrata a vida de uma prostituta que leva o nome da história.

Tralala é uma jovem que vive se prostituindo e roubando em bares de marinheiros e, em uma das cenas mais marcantes do livro, Tralala acaba sendo estuprada por uma gangue, que usa uma vassoura (broom, em inglês), depois de uma noite de bebedeira.

“Tralala, in your snatch fits pleasure, broom-shaped pleasure”

O vocalista da banda, Joe Newman, disse que, apesar de ser uma cena horrível, é muito bem escrita, forte e tocante, e por isso valeria a pena usá-la em sua canção.



A música “Matilda” é basicamente baseada na personagem de Natalie Portman, quando ela tinha 12 anos, no suspense O Profissional, de Luc Besson. A trama conta a história de Mathilda, uma menina de onze anos que convence um assassino, Léon (Jean Reno), a ensiná-la suas habilidades, para que ela possa vingar a morte do irmão. No começo da música, a banda também faz uma homenagem ao cantor Johnny Flynn, em referência à música “The Wrote And The Writ”.

“Just like Johnny Flynn said, ‘the breath I’ve taken and the one I must’ to go on”

Joe Newman disse que Léon teve um grande efeito nele e que Mathilda era uma personagem excelente.



Agora, para os leitores que chegaram até o final (quase), a música que vai te fazer chorar: “Taro”!

Antes de mais nada, é importante escutar a canção e ler a letra antes. 



Já no começo da música, Alt-J nos apresenta o renomado fotógrafo de guerra Robert Capa, que cobriu diversos conflitos, inclusive a Primeira Guerra da Indochina.

“Indochina, Capa jumps Jeep, two feet creep up the road
To photo, to record meat lumps and war
They advance as does his chance, very yellow white flash
A violent wrench grips mass, rips light, tears limbs like rags”

E aqui começa um pouquinho de história: Capa, que era judeu, começou sua carreira em 1931, em Berlim. Mas em 1932, teve que fugir do país, por causa do nazismo (Robert Capa era o pseudônimo de Endre Ernő Friedmann). Após se mudar para Viena e, em seguida, para Paris, Capa conheceu sua companheira, Gerda Taro, que também era fotógrafa.


Juntos, o casal seguiu para a Espanha, em 1936, para acompanhar a Guerra Civil Espanhola, e foi então que o carro que Gerda dirigia durante o conflito foi acidentalmente atropelado por um tanque de guerra.

“Mine is a watery pit
Painless with immense distance
From medic from colleague, friend, enemy, foe
Him five yards from his leg, from you, Taro”

Mesmo depois de sua perda, Capa continuou a fotografar vários outros conflitos. Em 1954, na Guerra da Indochina, Capa pisou em uma mina e morreu, se juntando a Taro.

“3:10 pm, Capa pends death, quivers, last rattles, last chokes
All colors and cares glaze to gray, shriveled and stricken to dots
Left hand grasps what the body grasps not, le photographe est mort
3.1415 alive no longer my amour, faded for home May of ’54
Doors open like arms my love, painless with a great closeness
To Capa, to Capa, Capa dark after nothing, re-united with his leg, and with you, Taro”

Por último, de acordo com o vocalista da banda, a música retrata os dois segundos anteriores e póstumos ao acidente com Capa, narrando exatamente sua chegada, caminhada, acidente e morte.




Mesmo quem não goste do som de Alt-J deve, pelo menos, respeitá-los pelo trabalho incrível da banda, que encheu de presentes seu primeiro CD. Alguém duvida que os próximos sejam tão bons ou até melhores? Embarque em An Awesome Wave e sinta que o nome faz jus ao trabalho!



P.S.: Texto originalmente publicado em Mundo Blá! por Laura Dourado.

terça-feira, 14 de outubro de 2014

Chororo político



Duas observações:

1. É a dita democracia que está colocando esses políticos no poder, então, do ponto de vista democrático, não se tem muito o que fazer a não ser aceitar.

2. Se com o passar do mandato, boa parcela da população se arrepender do voto dado e não honrado, existem soluções.

Obviamente que a classe política nunca está afim de que saibamos, mas vamos lá:

 Impeachment ou impugnação de mandato é um termo do inglês que denomina o processo de cassação de mandato do chefe do poder executivo pelo congresso nacional, pelas assembléias estaduais ou pelas câmaras municipais. A denúncia válida pode ser por crime comum, crime de responsabilidade, abuso de poder, desrespeito às normas constitucionais ou violação de direitos pétreos previstos na constituição.

Para que se desencadeie o processo de impeachment, é necessário motivação, ou seja, é preciso que se suspeite da prática de um crime ou de uma conduta inadequada para o cargo.

Mas e Recall, já ouviu falar? O procedimento de revogação do mandato pode ocorrer sem nenhuma motivação específica. Ou seja, o recall é um instrumento puramente político.

No recall, é o povo que toma a iniciativa de cassar ou não o mandato.

Resumindo: no impeachment, o procedimento é geralmente desencadeado e decidido por um órgão legislativo, enquanto que, no recall, é o povo que toma diretamente a decisão de cassar ou não o mandato.

terça-feira, 7 de outubro de 2014

Festa garantida



Junte no mesmo dia e na mesma hora uma das melhores festas de São Paulo de resgate da cultura popular (Batbacumba), uma das casas mais badaladas da cultura musical (Puxadinho da Praça) e uma das bandas mais dançantes da atualidade (Bonjour Pará) e você pode apostar que a noite vai ser daquelas.

Batbacumba se consolida em sua 14ª edição sempre apresentando muita cultura brasileira, cores e gente bonita e sorridente afim de dançar.

Puxadinho da Praça por outro lado é uma daquelas casas que você vai para lá sem sequer saber quem está tocando acreditando que o que toca ali tem qualidade.

Bonjour Pará é uma banda onde o carimbó e a guitarrada é o ponto de partida, podendo passar por clássicos do Beto Barbosa, chegando à lambada do Kaoma. Resumindo. Você vai dançar muito.

Ainda vai ter João Laion comandando o som

A casa abre 23H com show previsto para meia-noite.
R$20,00 até meia-noite e R$ 25,00 depois de meia-noite
Se você quiser, pode antecipar seu ingresso por aqui.

O Puxadinho da Praça fica no coração da Vila Madalena na rua Bel,iro Braga, 216






Jetboat

A brincadeira, digo, o negócio começou na Nova Zelândia ainda na década de 50. Um barco movido por um jato de água ejetada na parte de trás da embarcação. Diferente de barcos ou lanchas que possuem motores com hélice. A idéia de William Hamilton era para superar o problema das hélices nas rochas dos rios rasos da Nova Zelândia.


Já na década de 70, ele passou a ser utilizado como embarcação para esportes radicais visto a alta velocidade que eles podiam alcançar e na vasta gama de manobras que poderiam ser realizados. Ele é capaz de contornar margens sinuosas de rios, fazer manobras como um serpentear, um oito na água ou círculo e pasmem, um 360º dentro da água ou ainda entrar dentro dela e sair em uma manobra que é comum de se ver nos Jet Sky's. 

Ele é todo construído em 100% de alumínio náutico e foi aperfeiçoado ao longo dos anos para manobras radicais, ou seja, prepare-se para se molhar e sentir muita adrenalina.



No passeio, piloto e co-piloto que passaram por rigorosos treinamentos na Europa vão sentindo a receptividade do grupo, ou seja, a adrenalina vai depender do grupo na embarcação e recomenda-se que se tenha pelo menos 8 anos, afinal, com tanta manobra em cerca de vinte minutos, a força G vai te cobrar um mínimo de força, mas volto a lembrar. As manobras começam bem leves e piloto e co-piloto verificam se está tudo ok e se podem aumentar a adrenalina. Diversão garantida.


Se você não conhecia essa modalidade ainda, não se sinta fora da água. A modalidade é novidade no Brasil e por enquanto a JetBoat Brasil é a única empresa que pode te levar para dentro da água. 

Eu particularmente que sou acostumado com esportes, adrenalina e novas experiências te digo que sai com as expectativas suplantadas e muito satisfeito com a experiência. Ótima pedida para você que procura por novas experiências e gosta de esportes radicais e natureza. Não está convencido ainda? Dê o play: 


segunda-feira, 6 de outubro de 2014

Eu sou um pandeiro




uma das coisas que se aprende ao ficar mais velho é saber que não se pode lutar contra a vontade dos outros. dos esforços, o mais inócuo. porque por mais que você lute, a vontade do outro sempre é suprema. agora, ou depois, ela prevalece. e das batalhas, essa você sempre perde. melhor bater em retirada. 

e não é covardia, é da coragem de saber que por mais munição que a vida tenha te dado, ela nunca será muita, e ela  nunca será reposta por qualquer que seja a tropa de apoio que venha ao seu encontro. e você entrincheirado, sabe que o melhor é abandonar o fuzil e esquecer a guerra. 

e não é o cinismo que nos consola quando se fica mais tempo por aqui. ficar mais velho não é só pensar que os anos é só uma das voltas que a terra dá em torno do sol, porque você sabe que as vezes você é aquele sol. e você também tem aquele girassol mais belo do campo que te encara e te segue no céu, do seu nascer ao seu poente, pra durante a noite pesar suas pétalas e chorar com o orvalho fino, e acordar e levantar o rosto e continuar a te encarar e te seguir pelo céu novamente. 

mas as vezes existem as nuvens. e por mais que você ainda seja o sol, um reator nuclear infinito em tamanho em calor em energia em poder, aquele leve vapor de água, que fluido, fofo, branco e vaporoso vai te encobrir, vai te esconder, vai te deixar por trás do esquecimento.

e você caminha sob a lua então. e caminha e caminha. e vai pensando e escrevendo isso na sua cabeça. mas não sabe mais se isso você cria ou se isso sempre esteve aqui. embolado como fios. Como o novelo caótico que são as coisas que você esconde. e por um acaso aquilo puxa o fio e traz aquele cabo desencapado que dá choque. e choque. e choque. e aquilo te repuxa os músculos e te convulsiona as coisas. e dá uma clareza, e te embola, e te anestesia. e assim você não sente aquela dor que corta, que rasga que arranca. sim, arranca. e arrancado de coisas você segue andando, acende um cigarro, sente o pé no chão doer e o cansado das pernas e o sangue subindo e circulando e pulsando em cada veia.

e as veias, que aumentam de calibre nesse momento, te mostram que sim, você ficou mais velho e saiu de mais uma batalha com todas as cicatrizes que você mereceu. as rugas que você ostenta ou esconde são cada uma delas uma historinha. e você conta como você ganhou aquela marca de batalha, e você relembra depois de um tempo e daí você nem é mais aquele covarde que parecia ter fugido como um cagão da guerra, mas talvez é o herói. ou talvez o vilão orgulhoso. ou talvez você é só você, com uma história a mais pra contar.

e a sua pele esticada é como um pandeiro tocando um chorinho daqueles bem tristes, descompassado porque as mãos estão duras, está frio, você está cansado. e tam tam tam você segue, sambando e caindo. bamba. sabendo com quantos sambas se faz um homem, com quantos compassos se bate a macumba que te faz vivo.

e vivo você vive e assim viverá até não poder mais. cada dia um dia como outro qualquer. uns melhores, outros piores, mas estatisticamente os mesmos. ou não. a matemática pouco diz dessas coisas que não se resumem à uma formula. ou quem sabe esse teorema é apenas mais um poincaré velho e esquecido que ninguém nunca resolveu. ninguém sabe, ou ninguém nunca me disse, e pra confessar, nunca fui bom com números.

mas eu olho esses números no calendário e sei que é quase meu aniversário. 

e eu envelheci de repente.


Por Raphael Nascimento






quinta-feira, 2 de outubro de 2014

O dia em que larguei o emprego e comecei a gostar de São Paul

Imagem: Gustavo Soares 

Parece contraditório, eu sei. Afinal, uma das principais razões pelas quais as pessoas dizem que vale a pena viver em São Paulo e se submeter a todo trânsito, caos, etc e tal é a possibilidade de trabalhar muito, “subir na vida” e ganhar cada vez mais dinheiro, até conseguir ter o suficiente pra dar o fora daqui. Pelo menos sempre foi assim que um monte de gente que conheço pensou. E eu não fugia à regra.

Quer dizer, fugia pela parte de ter que se matar pra conseguir ir embora, já que nunca fui muito adepta desse ritmo frenético e avassalador de encarar o emprego aqui na cidade. E olha que, mesmo assim, passei três anos trabalhando em plena avenida Paulista e encarando, diariamente, o exército de roupa social armado com seu iphone, marchando em busca de uma mesa na hora do almoço ou disputando um lugar na calçada pra tomar uma cerveja depois do trabalho, com os colegas de trabalho pra falar sobre… trabalho!
Mas o caso é que, quem me conhece, sabe que sempre preguei o discurso de que São Paulo, apesar das inúmeras oportunidades, é uma cidade que suga energias, desumaniza e nos transforma em robôs capitalistas e por isso eu iria morar numa casa no campo, onde eu pudesse ficar do tamanho da paz (com a devida permissão para me apropriar do verso inspirador). E todas as manhãs quando, como de costume, eu acordava e resumia mentalmente como seria meu dia, o único pensamento que me ocorria – sobretudo nos dias mais ensolarados e de céu azul – era: “mas que diabos você está fazendo aqui, Carol?”.  Até o ponto em que essa pergunta se tornou parte da minha rotina e dos meus pensamentos matinais.
No auge da minha ansiedade por mudanças, cheguei a enviar, em menos de uma semana, cerca de 80 e-mails para fazendas orgânicas, ecovilas, Ong’s e entidades-que-atuam-o-mais-longe-possível-da-civilização, em busca de programas voluntários que iam desde limpar cocô de rinocerontes na África até observar o ciclo de acasalamento das baleias jubarte no Sul do Brasil.
Não que eu pessoalmente não ache ambos incríveis e, com certeza, ainda quero passar por essas e tantas outras experiências. Mas eu me dei conta de que minha busca estava mais para uma fuga desesperada do que um encontro com alguma vocação. E foi aí que eu decidi parar, respirar e tomar a decisão mais razoável para o momento: larguei o emprego. Assim, sem mais nem menos, sem eira nem beira nem qualquer outro jogo de palavras ou de cartas na manga pra me virar. E não, meus pais não me sustentam pra eu poder me dar ao luxo de bancar a rebelde-revolucionária e viver de mesada.

Passados dois meses na rotina de fazer freelas de conteúdo em blogs, redes sociais e eventualmente cliente oculto em clínicas de massagem (porque afinal, não tá fácil pra ninguém) e com o dinheiro já nos últimos e derradeiros suspiros, encontrei uma oportunidade para participar de um projeto com a proposta de levar cultura e diversificar o público frequentador das bibliotecas de São Paulo. E eu que adoro livros, adoro cultura e adoro o contato com pessoas, achei que meus dias de massagem tinham chegado ao fim.
Resumindo para não perder o foco que já não tenho. Estou na minha primeira semana de trabalho e já tive oportunidade de contar história para três classes de crianças de 3 a 5 anos, o que me levou a descobrir que a forma como você conta às vezes é mais importante que a história em si, já que a atenção delas se dispersa a cada 8 segundos. Que não importa se você pergunta “quem já comeu feijão” ou “quem nadou com leões marinhos míopes no verão passado”, todas elas sempre vão levantar a mão e responder em uníssono “EEEEEEEEEEEU”.
Descobri também que se dois livros contam a mesma história, porém possuem edições com capas diferentes, as crianças podem julgar que se trata de um outro enredo e isso pode eventualmente te levar a ler “Os 3 porquinhos” três vezes seguidas, repetindo inclusive o sopro do lobo tentando derrubar a casa deles. Descobri, por fim, que nada descreve a sensação de ver um grupo de vinte pessoinhas vindo correndo na sua direção e abraçando seu joelho na hora de falar tchau, assim como a fofura de ver uma delas emburrada porque não quer ir embora da biblioteca e precisa voltar pra escola.
Tenho descoberto, a cada dia, inúmeras coisas. E me surpreendido com cada descoberta. Talvez a maior delas tenha sido a de que, pela primeira vez em muito tempo, entendi o que faltava pra eu gostar de viver em São Paulo: TEMPO.
Tenho tempo pra ir de bike ou a pé trabalhar e trabalho dentro de um parque, no qual tenho tempo para passar algum tempo antes de começar o expediente. Tive tempo pra descobrir que lá do lado tem uma escola que oferece curso gratuito de libras para o qual já me inscrevi, pois faz um tempo que andei pensando que todo mundo deveria saber libras; afinal, quem não utiliza a fala como linguagem também deveria poder se comunicar sem obstáculos. Mas isso já é um outro foco e, apesar de ter tempo para falar dele, não acho que vem ao caso nesse momento.

É incrível como as coisas simples ganham sabor quando você desacelera o passo. Moro há tanto tempo no mesmo bairro e só agora descobri um clube com vários cursos gratuitos; comecei a praticar flauta e fazer slackline na praça aqui do lado quando chego do trabalho. Isso sem falar no pão de queijo recheado com requeijão divino no mercado aqui perto, que me obriga a tirar um tempinho e passar lá na volta pra casa.
“- Ah, então vamos todos abraçar árvores e viver de luz a partir de hoje”. Confesso que não acharia má ideia, mas como ainda não consegui viver de luz, preciso comer e pagar contas como qualquer pessoa. E sabe que isso não tem me parecido ser tão maçante quanto sempre foi? E sabe também que a ideia de viver em São Paulo pode não ser assim tão horrível quanto sempre pensei? Talvez eu esteja pensando em adiar meu plano desesperado de fuga por algum tempo.
Porque acho que eu descobri, finalmente, que São Paulo é um espaço como qualquer outro. Um espaço feito por pessoas. E é a nossa relação com as pessoas e com o espaço que vão definir a qualidade do tempo que passamos aqui.
Mas isso é só a opinião de quem acabou de comer um pão de queijo recheado e achou que o fato merecia uma reflexão…



Crônica de Carolina Marini originalmente publicado em Mundo Blá

terça-feira, 30 de setembro de 2014

Carimbó na crista da onda

Nascido no Pará no século XVII por negros africanos com influências indígenas e ibéricas, o carimbó teve seu nome da junção dos nomes curi (pau oco) e m'bó (furado, escavado). A expressão que tinha referência direta ao curimbó (pau que produz som), mas expandiu-se ao longo dos séculos e hoje representa uma verdadeira festa com música, dança e vestimentas peculiares.



Sua força tornou-se tão grande que o Ministério da Cultura reconheceu o carimbó como patrimônio imaterial brasileiro neste último dia 09/10 e se você pensa que para por aí, o Brasil pretende trabalhar junto a Unesco para que seja reconhecido como patrimônio mundial.

A Confraria NossaCasa que sempre trabalhou com a cultura popular brasileira soma forças com a banda Bonjour Pará e prometem deixar a pista fervendo, ou melhor, tremendo. A simpática e efervescente casa paulistana tem a 6ª edição de sua festa TREME.MOVIE que ainda contará com os dj's Marina Caires e Dj 10zanu. Muito carimbó, lambada, guitarradas e saias coloridas e rodadas são esperadas para a festa.


Onde? Confraria NossaCasa, 202 Vila Madalena
Quando? Sexta 03/10
Quanto? R$15 ou R$10 com nome na lista para nossacasa1504@gmail.com

domingo, 28 de setembro de 2014

O retrato mais que óbvio daquilo que não vemos

O local? Um dos mais charmosos da cidade de São Paulo para esse que vos escreve. Casa das Caldeiras. Uma peça fora do formato habitual e interativa, mas confesso que quando cheguei ao local, um certo desconforto por haver uma planta de um novo empreendimento imobiliário, além claro, daquele grande e vistoso banner sobre o mesmo. Um casal de vendedores então surge fazendo a propaganda do estabelecimento. Alguém mais distraído pode ter demorado para notar que a peça já havia começado. Eu internamente sorria com o começo do que seria toda a peça na verdade: Uma grande crítica à tudo que nos cerca e é vendido como se fosse a verdade e a felicidade.

O trabalho realizado pelo Projeto Pi é intitulado como espetáculo multimídia e itinerante e assim o é de fato. A platéia recebe coletes de sinalização para andar nos arredores do local. Atravessar uma rua nunca será igual de uma peça para outra contanto com o tempo de um semáforo ou mesmo a simulação de um acidente de trânsito em uma rua local onde na que eu vi, alguns transeuntes de fato acreditaram em um primeiro momento que tal acidente havia ocorrido. A motorista então se consulta com um médico e mais uma dose de crise, assim como aos sistemas operacionais, programas de televisão, horário político...


(foto: Demétrius Carvalho)

Ótima pedida para esse domingo (20h30), segunda e terça (20h). Além do mais, gratuito e ótima oportunidade caso não conheça a Casa das Caldeiras.

A peça fica em cartaz até 28/10. Algumas terças não ocorrerão espetáculos.
Maiores Informações

Ficha técnica: 

Produção: Coletivo Pi;
Direção: Pâmella Cruz;
Direção de arte: Natalia Vianna;
Preparação Corporal: Marcelo D'Ávilla;
Assessoria em Arquitetura: Carolina Braz;
Colaboração em cenografia: Felipe Galli;
Assessoria de imprensa e comunicação: Luciana Gandelini;
Contra-regragem: Rodrigo Spavanelli, Matheus Felix e Sandra Toscano;
Com: Emanuela Araújo, Fernanda Pérez, Jean Carlo Cunha, Julio Razec, Mari Sanhudo, Maira Meyer, Marcelo D'Ávilla, Natalia Vianna, Pâmella Cruz, Chai Rodrigues, Priscilla Toscano, Doug Tor Lette, Marcelo Prudente e Thiago Camacho.