quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

Fui assaltado...

Polícia!
Para quem precisa
Polícia!
Para quem precisa
De polícia...

Vocifera a voz de Sérgio Britto na rádio. Chovia e apesar de já ser 3:45h da manhã e estar cansado, parece que não repousarei nos braços de Morpheu essa noite. Existem preocupações, existem horários a ser cumpridos e não interessa que você tenha sido um cara legal. Você é apenas uma peçinha dentro do sistema. Se deu defeito, troca-se e continuemos o ciclo irônico dos dias atuais. Todos teimam em dizer que quando eu estiver por cima, farei o mesmo. Salve-se quem puder.

Completamente ligado, fico "on" e encontro uma amiga morando em outro país. Era como se eu conversasse com a minha própria alma. Chegamos a conclusão de que ter princípios e escrúpulos é nosso problema.

- Porra, e isso é problema? - Esbraveja o meu eu de saias...

Interrompo a conversa. Escuto ao longe um miado de gato. Era desesperado e era de filhote. Mais uma vidinha la fora aprendendo que aqui fora nada lhe será fácil. Desço e resgato a pequena criatura. Estava molhada, desesperada e tremia de frio. Era uma gata e não um gato, logo, batizo-a imediatamente de Agata. Enrolei-a em uma toalha e coloquei-a em meu colo e aquele pouco que fiz, trouxe o sono ao pequeno ser. Volto a falar com minha amiga e  sabemos que ririam de minha atitude.

Chegamos a conclusão que roubaram a nossa vida, roubaram a nossa paz, roubaram a nossa inocência. E eu sei quem roubou a minha paz. Um batalhão da Polícia estaciona exatamente na frente de minha janela. Abri-a e me espantei. Era 6:00h e havia parado de chover. Pensei se podia relatar a eles esse tipo de roubo. Fitei-o da janela por alguns segundos.


Conversei um pouco mais com essa minha amiga e querendo ou não, simplesmente tínhamos que continuar seguindo. Um novo dia estava nascendo e não havia muito o que fazer. Apesar da cabeça funcionando a todo o vapor, abri a toalha e coloquei no chão para ver o que Agata esboçava fazer. Fui escovar os dentes e quando voltei ao quarto, deparei-me com uma cena sensacional. Dentro da simplicidade dos que assim sabem ser, ela havia encontrado uma boa caminha.



Enquanto me deito, a música ecoava em minha mente:

Polícia! 
Para quem precisa 
Polícia! 
Para quem precisa 
De polícia...


Um comentário:

  1. Também tive uma gata chamada Ágata. Cinza, manhosa, esperta. Minha companheira por muitos anos.

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