Imagine-se na idade média, sem energia elétrica. O que dirá computadores, televisão ou mesmo rádio.
Como poderíamos ouvir música?
Pensou?
Me vem na cabeça apenas duas formas: Ou alguém cantarolando enquanto faz seus afazeres domésticos, trabalhando ou fazendo sabe-se lá o que, ou ir de encontro a música ao vivo. Isso se daria por grupos populares ou nas igrejas. Algum tempo depois com o surgimento das orquestras, era comum as pessoas viajarem para ver seus concertos (ok, isso acontece com a sua super banda favorita).
Com o surgimento da energia elétrica, não sem tem muita diferença inicialmente. Alguma mudança só ocorre quando os meios de propagação da música toma novos ares. Imagine o quão revolucionário foi o surgimentos das transmissões por rádio. Agora era possível ouvir um som sem estar presente na execução.
Isso pode parecer irrelevante para a geração da internet, mas não vamos tão longe. Se você tem uns 40 anos, sabe que ia-se com maior frequência em busca da música e praticamente parava-se tudo para ouvir o disco novo conseguido.
As coisas foram mudando de tal forma que hoje você tem acesso a qualquer música no seu bolso e a nova geração cresceu tendo a música como pano de fundo para o que estejam fazendo.
Nunca é tão simples assim. Nunca um único motivo. Temos também o padrão de música comercial de 3 minutos que só da tempo para explorar um estrofe e refrão básico. Se vasculharmos, vai ter mais detalhes, mas enquanto eu juntava o meu dinheiro para comprar os discos que queria ouvir, vejo uma geração nascer que acha um absurdo se pagar por música. Nunca pagaram... por qual razão deveria pagar?
A priore, isso ferra a maioria dos músicos que não estão no mainstream e é só aí onde o dinheiro realmente pode sustentar um artista.
A facilidade de se obter música hoje em dia criou uma geração que não presta atenção na música. Ela só precisa estar presente, afinal o silêncio lhes parecem ensurdecedor.
Acha que estou exagerando?
Pois bem... anos atrás as pessoas queriam tocar guitarra para ser um novo Hendrix, Van Halen, Page, Slash... hoje quando eu pergunto para os alunos que guitarristas eles gostam, não sabem dizer. Uma banda? Não sabem... querem aprender por jogarem Guitar Hero e não, não estou inventando e nem me contaram. Já me aconteceu por duas vezes...
Daí juntamos esses fatores com as baladas de pessoas gerenciadas por pessoas por volta de seus 40 anos e que não possuem tempo (ou preguiça mesmo) para pesquisar música nova e o que tenho visto é só velharia rolando. O cara fala que gosta de rock, mas só "classic rock". Nada de novo aparece ou acontece. Nada com menos de 25 anos
Quando surge algo novo então, tem aquele ar "vintage". Ou seja, a busca por algo que lhe remete ao mesmo...
Não sei vocês, mas eu gosto de respirar coisas novas. Gosto da sensação de uma nova canção me trazer prazer. Me arrebatar.
Vou além. Gosto da música que me tira da zona de conforto e não vou longe. Ainda no começo dos anos 2000, rolava músicas como essa da Bjork na MTV e lembro que você podia não gostar (e tinha muita gente que não gostava), mas ela definitivamente te tira da zona de conforto e hoje infelizmente a absurda maioria das músicas já são pensadas para entrar dentro de uma determinada caixinha...
Voltarei a falar disso...
Até mesmo por estar na próxima segunda novamente no X Factor Brasil que me parece que quer premiar a melhor cópia de alguém...
Vocês vão poder acompanhar um pouco em tempo real através das seguintes plataformas:
Por hora, Fiquem com a sempre desconcertante Bjork:
Grande Demétrius! Que texto bacana. Essa relação que temos com a música neste século XXI precisa mesmo ser problematizada, pois ela reflete, inclusive, na maneira como a música é pensada, seja pelo artista mais "autoral", seja pelo artista mais comercial. Adorei e adoraria ver mais reflexões como essas, até para, de certa forma, incentivar ao jovem uma experiência mais íntima e sensorial com a música. Parabéns!
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