quinta-feira, 8 de setembro de 2016

Olhe com teus próprios olhos



Foto: Juliany Bernardo

Cresci ouvindo que os franceses ou chilenos eram muito mais politizados do que nós por irem para as ruas protestar contra o governo. Não tinha esse papo de vandalismo. E se bem me lembro, foi esse tal vandalismo que derrubou o muro de Berlim para unificação das duas Alemanhas.

Hoje irei para a minha primeira manifestação dessa nova leva. Fui em várias em 2013 quando se tinha a população de uma forma geral contra um governo fosse ele de âmbito municipal, estadual ou federal. Exatamente o motivo pela qual Marcos Maia, amigo de longa data não ia para as tais. Diferente dele, perdi o interesse quando elas se mostraram pró fulano, contra sicrano. Eu não queria defender um lado de um esquema que acho fracassado. De distorções e distorções possíveis, essa semana tomei conhecimento de uma candidata que com apenas um voto vai assumir vaga de vereador no interior de sp.

Tomei partido ao engajar-me em tal manifestação? De certa forma sim, mas na verdade não estou indo exatamente por "Diretas já" ou mesmo um "Fora Temer". Ressalto que abdiquei de meu voto, pela tal falta de representatividade e descrença no sistema vigente (o mesmo sistema que criou brecha para que se tirassem Dilma sem crime constatado). O que não significa que eu fosse a favor do impeachment e defendo o direito de cada pessoa de ser a favor ou não, mas o que se viu na sequência foi um papelão. Um golpe contra a credibilidade da classe política.

Não acredito que exista um lado certo e outro errado nessa imbróglio e a esquerda tem que no mínimo se auto avaliar e entender que chegou onde chegou muito por culpa sua que trouxe o inimigo para dormir consigo. Aliás, quando deixou de ser tão esquerda e se moldou ao esquema perpetuando o jogo político como bem conhecemos.

O que me leva às ruas então?

Em primeiro lugar, o olhar com os meus próprios olhos e tirar minhas conclusões de como agem os manifestantes, mídia e a polícia (interessante ver o que disse Beto Richa em 2012 sobre a polícia)

Foto: Juliany Bernardo

Para fechar o meu raciocínio, vou por uma grande distorção verificada entre as manifestações contra o PSDB em São Paulo onde se teve catraca liberada do metrô para manifestante tirar selfie com policias fortemente armados, chamada na tv aberta conclamando pelas manifestações e a repressão que se vê nesse momento e que não é local, mas tem se alastrado por todo o território nacional aumentando assim uma sensação de estado de exceção.

Relembro do Marcos, meu amigo do começo da escrita para dizer-lhe que vou muito por um medo de retrocesso atrás de retrocesso. Basta olhar para alguns países do mundo árabe em décadas passadas e imaginar onde podemos parar...

De direitos em direitos perdidos, podemos entrar em um período nefasto nesse país que teima em ser o eterno país do futuro (afinal de contas, do presente é que não é).

Foto: Juliany Bernardo

Já diria aquela música d'O Rappa:

Pois paz sem voz não é paz é medo

P.S.: A próxima manifestação em São Paulo é hoje 17h no Largo da Batata.

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