terça-feira, 7 de dezembro de 2010

O sentido do sentido

Estava frio. Absurdamente frio. Devia ser o dia mais frio do ano em São Paulo. Algo em torno dos 5ºC. Uma grande xícara daquelas em que se toma ensopados era para uma grande quantidade de café. Adorava aquele aroma. Sentado na escada que dava para os quartos, segurava-a com as duas mãos sentindo aquele tenro e aconchegante calor abraçar-lhe. 
– Rose, confere aí na internet quantos graus 'ta' fazendo.
– 12 querido.
Não interessa – pensou – estava frio pra caramba, enquanto cantarolava uma música de Juliana R.


Si no me escuchas
No me comprendes
Si no me comprendes
No me conoces
Si no me conoces no valgo a nada
Para ti

Kate brincava com um cordão preto e parecia a única criatura no ambiente plena, feliz. Não havia preocupações naquele rostinho de "focinho rose" como costuma dizer para brincar com sua mulher. Aquilo era viver. Sua vida tornou-se uma correria tão grande que não conseguia mais enxergar sentido nela.




Pensou em ir ao cinema, mas sentiu a preguiça agarrar-lhe as pernas, sentiu Rose agarrar-lhe as pernas, sentiu suas pernas agarrar-lhe as pernas e viu que Kate finalmente agarrava-lha as pernas querendo participar do bando. Sentiu que não precisava sentir mais nada para as coisas fazerem sentido...

Um comentário:

  1. Oi Demétrius,
    Gostei muito da sua visita e mais ainda do comentário, pra mim escrever é libertador e é gratificante quando alguém se reconhece e compreende o que escrevo. Também adoro poesias mas ainda tenho um certo pudor em publicar as minhas.
    Um abraço viu e um ótimo fim de semana.

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