sexta-feira, 1 de julho de 2011

Máquinas Coletivas de Individualidade



Se preferir, pode chamar também de "Fantástico eu" e se por acaso não esteja fazendo idéia do que posso estar querendo falar, é sobre esse pequeno aparelho diante de seus olhos e a relação entre as pessoas a partir dele e das tão famosas "redes sociais".

Pra quem já passou dos trinta, convenhamos que o momento de transição da vida sem net e com net já está passando. Existem pessoas adentrando a vida adulta que já convive com essa ferramenta desde o princípio e talvez eles não entendam a corrente de afastamento da vida on line que tenho posto em prática e notado que não é prática exclusiva minha. Aliás, o guitarrista Carlos Pontual colocou uma frase alusiva a esse sentimento em uma das milhares de rede social. Algo como: "Hoje em dia, telefonema é quase um contato físico".

Não quero negar a maravilhosa ferramenta que temos em mãos, mas além desse revés de algumas pessoas a essa vida virtual, algo que passa a ser evidenciado é as relações baseadas pela visibilidade (ainda que virtual) das pessoas com quem se interage. 

Como assim? Basicamente percebo 3 situações de interação entre os internautas (estou excluindo as mensagens que visam propagar algum evento, show e etc. e pensando uma relação entre duas pessoas). Vamos lá. Basicamente vejo as pessoas interagirem com:

1- Amigos reais (sejam eles de infância, do trabalho ou mesmo da família);
2- Uma pessoa acima de você em algum plano (profissional, social, etc.);
3- Ou um possível par afetivo (sim, esse hábito foi completamente incorporado pelas pessoas. Agora pedem-se o contato on line e não o celular). 

Claro que existem mais possibilidades, contatos profissionais por exemplo. O que no entanto percebo é como ainda somos bons em falar alguma coisa e fazer outra. Prega-se o amor e hoje em dia existe inclusive aplicativos para que você tenha aquela frase de impacto e que comova os seus leitores. Isso por sinal, costuma gerar retorno de quem interage com você e massageia-se o ego que quem mandou-lhe na rede. Vamos no entanto analisar o seguinte. Com os seus amigos reais, interage-se. O possível par afetivo sim se o outro lado também quiser (assim como na vida real). O que noto nessa nova realidade é que apenas levamos para trás dos monitores um comportamento fora dela. Que comportamento seria esse?

Já reparou que a maioria das pessoas respondem prontamente ao contato quando ele vem de alguém com alguma posição superior de alguma forma? Já reparou o quanto a maioria das pessoas sequer tem paciência para responder quando o contato vem de alguém supostamente de baixo? É mais ou menos algo como aquela pessoa que faz questão de falar com uma personalidade na rua, mas que não faz a menor questão de falar com o próprio porteiro do prédio.

Eu costumo chamar uma certa rede de Ilha de Caras... faça a sua interpretação...


Enquanto isso, milhões de pessoas se jogam atrás de suas máquinas coletivas de individualidade para ambiguamente encontrar um possível contato... 

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