quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Caleidoscópio XVI

Chegou em casa e a essa altura, conseguia compreender que ao saltar no tempo, não se recordava do que lhe aconteceria nos próximos dias. Por um lado achou bom, mas como alterar o passado então? Dentro dessa perspectiva, compreendia que não lembrasse muita coisa para frente com Luciana, mas lembra-se que achou o seu encontro com ela trágico. Daqueles em que os dois lados parecem não sair muito satisfeito. No entanto podia voltar outra vez e tentar ter um dia melhor.

Caleidoscópio em mãos e visualizou a cena, mas dessa vez, algo deu errado. De repente tudo ficou escuro e não se via nada. Ao afastar o caleidoscópio dos olhos, tomou um susto que o fez deixar cair de suas mãos o pergaminho. Não conseguia compreender como ele poderia estar ali, mas intuitivamente e sem pensar, abriu-o para ler.


De forma alguma podes usar o caleidoscópio para alterar algo criado pela natureza
De forma alguma podes usar o caleidoscópio para alterar a vontade de outra pessoa


Sem compreender o que aquilo pudesse significar, sentou-se. Tentava em vão entender. Levantou-se e moribundamente foi à cozinha pegar um copo de água e voltou com ele ao quarto. Em sua cama, onde havia deixado o pergaminho, estava o caleidoscópio e nem chegou a estranhar. Parecia que já havia absorvido um certo entendimento de que o pergaminho sempre sumia. Esqueceu de tentar decifrar o que aquilo pudesse significar e passou a pensar se ainda veria o pergaminho por mais vezes. Era-lhe um sinal certeiro de que algo errado estava fazendo. Pensou que não deveria saltar enquanto não tivesse essa resposta e 50 minutos depois, acabava adormecendo.

Acorda com sua mãe chamando-lhe para ir à faculdade e levantou-se naturalmente. Apenas no meio do banho lembrou-se do ocorrido na noite anterior e dessa forma, promoveu o seu desjejum mais quieto do que o normal. Já no ônibus, por mais que tentasse compreender, as frases não lhe faziam um sentido claro. Finalmente no meio de sua primeira aula havia esquecido por completo. Passou os 3 posteriores dias lembrando e ainda sem uma resposta satisfatória.

Finalmente chegou o dia de ver Luciana novamente e dessa vez ele sugeriu um cinema para que não sofresse o desconforto das amigas. O desconforto de fato era com a sua altura. Podia ser 10 cm menor pensou ele. Enquanto estavam sentados vendo o filme, não havia problema algum, mas ao se levantarem, a sensação de novo o incomodava. Não resistindo, quis brincar com ela quando chegaram no balcão da lanchonete.

— Você podia ser 10 cm menor né Lu?
— Reclame com a mãe natureza meu filho — retrucou ela.



Deu-lhe a mão, mas ficou em silêncio uns poucos segundos. O suficiente para ela perguntar-lhe o que havia ocorrido. Respondeu-lhe que nada, acreditando ter encontrado a primeira resposta do pergaminho...




Continua...

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