sexta-feira, 27 de agosto de 2010

Caleidoscópio XVII

Ele fez todo o esforço do mundo e acreditou ter sido convincente em que estava realmente concentrado nela, mas procurou o adiantar o processo de volta para casa com o maior tato do mundo. Enfim, ao chegar em casa, não pensou duas vezes e estava outra vez com o caleidoscópio na mão. Concentrou-se na cena, mas outra vez o caleidoscópio escureceu e ele nada viu e como da última vez, tinha o pergaminho em sua mão. Apenas uma frase dessa vez:

De forma alguma podes usar o caleidoscópio para alterar a vontade de outra pessoa

Não deixava de ser uma evolução perante a última vez, além da certeza que tinha entendido que não poderia mudar uma característica de outra pessoa, mas realmente não sabia onde seu desejo alterava a vontade de alguém. Pensou por mais algum tempo sem conseguir progressos quanto a frase que lhe faltava. Foi na cozinha e preparou um suco de laranja em uma devoção velada por sua mãe 8 anos mais nova. Linda. Presente. Ali para ele. Sabia que sentiria muito a sua falta quando não mais morasse com ela. Bebeu quase que devotadamente aquele copo e quando sua mãe veio pegar o seu para lavar, ele levantou e deu-lhe um abraço do qual notadamente sua mãe não esperava.

 — Mãe, amo muito a senhora!  

O espanto de sua mãe foi na verdade pela sua atitude, mas notava-se aquela alegria da qual não era necessário as palavras. Delicadamente ele lhe tirou o copo de sua mãe e foi lavar pela primeira vez uma louça na casa de sua mãe. Ela ainda ficou um ou dois minutos na cozinha e achou ter visto uma lágrima escorrendo de seu rosto quando ela deixou a cozinha. 




Aquilo de alguma forma tocou-o também e quando voltou ao quarto, nem se lembrava do caleidoscópio. Ficou pensando em sua mãe e que no final das contas, por algum motivo, esse havia sido o único ato concreto em que ele mudou alguma coisa...




Continua...

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