terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Gal Costa



Antes de tudo, posso traçar um paralelo desse disco com o recente Lulu lançado pelo Metallica e Lou Reed e você pode estar se perguntando como. A explicação se encaixa para ambos com um disco desconcertante. Um disco de ruptura. Corajoso. um certo amigo ficou incomodado com um possível descompromisso com o belo. Ele simplesmente não conseguia gostar de nada.

Sentiu que o disco poderá fazer os fãs de carteirinha de Gal devolver a sua não é? E quem garante que se angaria novos adeptos? Logo, há de se ter coragem para empreitadas do tipo.

O disco é dirigido por Caetano Veloso que também cede as composições para o disco. O que por um lado explica a ousadia desse trabalho, visto que Caetano nunca se sentiu satisfeito com a zona de conforto. Essa zona que havia aprisionado Gal e não conseguia mais mover nenhum esforço meu para ouvir algo novo. Eis então que uma capa verdadeira (no sentido da ausência da beleza plástica forçada dos photoshop's) é o começo para uma nova fase em seu trabalho. 

O disco abre com Recanto Escuro e já mostra que que ruídos e atmosfera eletrônica estão presentes. A própria letra parece resumir a sensação: 

Não salto mas sou carregada
                                              Por asas que a gente não tem
A luz não me fulmina os olhos
Nem vejo bem

Na segunda canção (Cara do Mundo), o clima parece se estabelecer. Você começa a se acostumar e flerta com o acolhimento da empreitada. Autotune Autoerótico então começa a apontar mais radicalmente ao experimentalismo. Para os desavisados, Autotune é um programa usado em estúdio e sua voz acaba sendo descaracterizados em alguns momentos aqui.Tudo Dói intitula a quarta faixa e daí tem-se a certeza que não existe regresso nessa viagem que Caetano propôs mesmo com um violão bossa nova dobrando a esquina ao fim da música. Neguinho é a quinta música. Uma das mais fáceis de ouvir em um primeiro momento, mas com uma letra que é crítica aos dias de hoje.

O disco parece que não mais causara espanto quando adentra a penúltima das 11 faixas: Miami Maculelê que abraça o funk carioca e o produtor em questão empresta sua voz com versos como:

Era música de dance
Era o bonde do prazer
Sacanagem sem romance
Por que eu fui meter você?

                                                     Era dança de alegria
Putaria e coisa e tal
Por que você vem com santo,
 Anjo e galera do mal?

Mas quer saber o que eu realmente acho? Que você deve ouvir e chegar as suas conclusões, afinal a diversidade das pessoas nos mostra que tem gente reclamando, mas teria da mesma forma se ela não tivesse saído de sua tora esperada. Acredito que alguns novos fãs podem ser angariados (ainda que com a perca de alguns), mas como sempre, o que eu acho é apenas o que eu acho e nada mais do que isso...

Nenhum comentário:

Postar um comentário