terça-feira, 17 de janeiro de 2012

Escolas de arte

Como explicar o que penso sobre as escolas de arte de uma forma geral? Como dizer que não gosto da postura delas se faço parte do corpo docente de algumas e tenho que seguir suas determinações? Como posso falar eticamente de tal assunto? Simples. O que falo e defendo aqui é por mim proclamado para os superiores em suas escolas e os mesmos sabem que eu discuto esse tipo de assunto dentro das salas de aula.

O pior (melhor) que tenho inclusive sido convidado para falar sobre o tema discursado por Ken Robinson que segue no vídeo ao fim da matéria. Alguns amigos inicialmente discordam do que penso, mas principalmente na música tem um argumento que desconcerta todos os meus amigos acadêmicos. 

Por qual razão, novos nomes relevantes que aparecem na arte sonora não surgem de dentro das escolas de arte? Ao meu ver, é muito simples: Elas não exercitam devidamente a criatividade das pessoas que por lá passam. Muito pelo contrário. Se tocas música erudita, te pedirão para tocar algo de Beethoven. Se do jazz, um Miles Davis da década de 60 pode ser uma pedida e mesmo na música popular, um hit dos Beatles para garantir a aceitação do público. Os que seguem as regras, tendem a virar bons acadêmicos e só.

Mas o que tinha em comum Beethoven, Miles Davis, Beatles, Trent Reznor (vencedor do Oscar de melhor trilha em 2011), Saramago (na literatura), Picasso (nas artes plásticas)?

Simples, eles arriscaram. Ousaram. Romperam com os caminhos e apontaram para novas direções. Atitude essa muitas vezes podada nas escolas. Lá, na maioria das vezes, temos que entender o caminho proposto e apenas seguir as regras. Lembro-me de poucos professores que tive que incentivavam a minha criatividade de fato. Na faculdade, o professor Alfredo Barros que me incentivava a ir para as notas mesmo que por hora não tivesse uma explicação de onde elas vinham, ou Nélio Costa que dizia que era muito esquisito o jeito que eu usava (uso) o polegar para tocar baixo, mas que soava bem e diferente, logo, eu deveria seguir em frente com a prática. Na verdade, seguir em frente com práticas não convencionais era o que músicos como Jaco Pastorius fazia em sua música, Frank Miller nos quadrinhos, Mark Ryden nas artes plásticas. Pratica que com a globalização e comercialização da arte, parece algo raro. Temos necessidade de usar e jogar fora um produto, mas a arte mesmo, aquele quadro que você adora olhar novamente. Aquele livro que já leu e sabe que vai ler de novo, ou a música que você vai escutar por anos e anos, provavelmente vai vir de pessoas que quebraram as regras. 

Se a pulga atrás da orelha samba nesse momento, convide-a para ver o vídeo abaixo e quebre as regras:

3 comentários:

  1. Lendo o post,vendo o vídeo e analisando como tenho me sentido absolutamente sem inspiração e vontade de tocar algo,ou criar algo artistico,me faz pensar se uma parte ou o total desse desânimo enorme vem dessa causa...

    Como sempre,um ótimo post,professor!

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  2. Só para constar que sempre fico querendo saber quem são os anônimos que por aqui andam...

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