quinta-feira, 15 de abril de 2010

36 anos

Nasci

Minha compreensão simplesmente inexiste. Logo, nada percebendo sobre o tempo vou vivendo até que quase despretensiosamente sei (sem saber que sei) que existem momentos que se repetem em minha vida. Passam-se alguns anos, mas não saberia classificar esses momentos. Meus pensamentos quanto à passagem do tempo não foi ainda talhado. Ali por volta dos 5 anos é que começo a identificar que existe o dia e a noite. Parece no entanto que cada dia é uma vida. Apenas sei que o ser que mais amo na vida me leva para um local quando a vida acontece, onde existem vários filhotes como eu. Aquilo era assustador, mas foi ficando legal com o tempo.

O tempo passa lento demais...





Consciência...

Aos 7 anos consigo compreender que existem os dias da semana e minha vida tem agora uma semana e não apenas um dia, mas minha noção de tempo é tão abstrata que apenas percebi algumas poucas semanas. Por mais que fosse adquirindo força essa percepção, aos nove anos eu sentia enfim que havia vivido um ano. Perceber períodos sem aulas, uma nova vida na casa de uma velhinha que eu gostava muito e que também fui compreendendo que ela era a mãe de minha mãe, regresso para a escola com a instrução passada por minha progenitora que agora eu deveria dizer que tinha 10 anos e dessa forma, até os 12, eu entendia que o ano tinha até mais tempo, mas eu sentia apenas uns 2 meses por ano, ou seja, na minha percepção, eu revivia a cada 2 meses e em minha existência, era como se eu houvesse vivido apenas um ano e meio.

O tempo existia...

Realidade...

A escola era agora preocupante. Sentia tantos as cobranças de meus pais por boas notas, quanto o desejo de estar perto das garotas, esbarrar na perna de uma sem querer. Havia também os campeonatos da escola que me davam prazer por si só e com a sensação de ser o herói da sala, a certeza de mais encontros sem querer com as meninas que pareciam coincidentemente encontrar comigo sem querer também. Minha vó de novo,meu aniversário de novo. Minha vida agora tinha um ano. Por 4 anos, meu ano teve um ano. Meus 16, tiveram 5 anos e meio por mim percebido. Já conseguia ter lembrança de ter vivido algo em meu passado.

O tempo é relativo...

Perda da realidade...

Outra copa do mundo, paixões, bebidas, cigarros, muita música e horas em que tudo misturado era muito bom, para depois ser muito ruim. Prometia que nunca mais beberia daquele jeito para beber mais ainda, estar pior ainda no outro dia, prometer mais ainda para beber e beber mis ainda, estar realmente pior ainda, para enfim prometer sabendo que aquilo fazia parte. As meninas...ah, as meninas...quanto pior, melhor, até que uma hora foi melhor  ele estar bem e eu pior para repensar as coisas. Chegava a faculdade, chegava um sobrinho de sua irmã mais nova e chegava outra copa. Sua vida tinha agora um ciclo de 4 anos, embora esses 4 anos houvessem passado de uma forma vertiginosamente veloz. 6 meses era a sua sensação. Do alto de seus 20 anos, havia vivido 6 na realidade.

O tempo é realmente absoluto...

Alteração da realidade...

Algo no entanto aconteceu em sua vigésima primeira volta em torno do sistema solar. A vida ficava séria, a faculdade séria, a mulher séria, os planos sérios, as férias sérias, brincadeiras sérias dependendo da seriedade de coisas sérias e quantidade de coisas sérias, seu ano podia ser mais ou menos sentido e isso não fazia sentido, até descobrir que os seres tem crises de 7 em 7 anos e essa falta de sentido era totalmente compreendida por ele. houveram anos em que seu ano teve 2 semanas, mas chegou a ter uma semana que valeu por 6 meses e essa sensação vagarosa parecia ganhar vida. Sua vida tinha um ciclo para ele reviver de 7 em 7 anos. Finalmente havia entendido tudo, mas esses 7 anos valeram 12 para que ele chegasse aos 18 do alto de seus 28.

O tempo me absorve...

Realidade?

Homem feito e maduro. Entra a nova fase confiante. Sabe o que deve ser feito e faz. Sabe o caminho a ser percorrido e faz. Sabe com quem falar e fala. Sabe o que evitar e evita. Sabe onde arriscar e arrisca. Sabe privar-se de prazeres em prol do futuro e priva-se. Sabe onde chegar, mas...não chega. Sabe apenas que um dia com todas as coisas que sabe demora para passar e seus dias passam a contar por dois e sabe que quando chegar aos 35, tudo vai mudar para melhor em virtude dos 7 anos, mas não sabia que estava errado e quando finalmente as coisas pareceram mudar no oitavo ano, mudou para uma confusão colossal em sua mente. Sabia que tudo o que sabia nada valia dali para frente e que esses 8 anos sentidos como 16 levavam-o aos 34 anos. Parou e pensou que passaram-se dois anos enquanto escrevia.

O tempo passa rápido demais... 


Por vezes pensei que o tempo passava rápido
Por outras, pensei que lento

Hoje sei que dentro de todas as teorias e relatividades, 36 anos levam exatos 36 anos...



É apenas o que eu acho...

2 comentários:

  1. Ter compreensão do tempo nos ajuda a não desperdiçá-lo com bobeiras. E a roda não para de girar...

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