quarta-feira, 29 de setembro de 2010



4:08h da manhã. Toca o telefone. Na verdade eu já sabia quem era antes mesmo de atender. 
 – Estou na sua porta  – falou-me aquele rouca e sensual voz.
Nem respondi... não precisava... desliguei o telefone e fui abrir-lhe a porta. Ela estava linda como sempre. Um longo vestido preto de seda. Uma insinuante fenda em sua coxa direita parece estar no limite do charme e do vulgar. Devo confessar que embora estivesse com a cabeça distante, perdi alguns milésimos de segundo ali. Uma fina alça em um ombro sem mangas que descia em um ângulo de 45º ao outro braço que embora não tivesse alça, tinha uma manga comprida. Coisas de mulher. Os homens nunca usariam coisas do tipo, mas tudo bem. Ela estava bela. Como qualquer homem, não notava o que exatamente o que ela tinha feito quanto a maquiagem. Na verdade, as curvas de sua cintura prenderam-me por outros milésimos de segundo.

 – Quer um chá?  – Perguntei-lhe mais por educação do que qualquer outra coisa.
 – Você sabe que não.

Enquanto fazia o chá, pensei em falar algo, mas resolvi aguardar ela tomar a iniciativa. Dessa forma, os 18 minutos da cozinha passaram-se em absoluto silêncio. No entanto, as 4 ou 5 vezes que a olhei, fui ferido com um olhar penetrante. Presente com um sorriso que poderia competir com a de Monalisa em sua serenidade. Só lavei a xícara para ver se ela falava algo e o fiz demoradamente, mas não havendo mais o que por ali fazer, chamei-a apenas com um gesto de cabeça e ela acompanhou-me.

Quando entrei no quarto após ceder-lhe passagem, fiquei com vergonha de meu quarto. Eu poderia justificar o quadro de Frank Zappa sentado em um vaso sanitário como sendo algo de valor artístico, mas a bagunça de minha cama, um par de meias usadas no chão, duas xícaras de café na mesa e principalmente uma cueca que estava na estante do quarto que fiz questão de tentar esconder, não dava para justificar. Ela continuava com um semblante inabalado e parecia ler meus pensamentos.

 – Não se preocupe. Você sabe o que vim fazer aqui.

Pedi licença para ela  – Gostaria de trocar de roupa  – e fiz menção de sair. Fui sob sua concessão com a cabeça que sustentava aquele enigmático ar de calmaria. Quando voltei para o quarto, ela estava já sentada na cadeira que ficava na lateral direita de minha cama. Deitei e ela ficou me olhando. Sua face definitivamente não era desse mundo e não conseguia entender aquele leve sorriso do qual não sabia se era pena, desdém, carinho, atenção, ou seja lá o que fosse por mim. 

Era 5:03h quando olhei para o relógio e fiquei fitando-a, tentando decifrar o que ela ali estaria fazendo. Muitos minutos passaram-se. Ao longe, podia ouvir os primeiros cantos de algum pássaro e ainda percebi quando o céu começou a mudar de cor. O que ocorria cerca de 10 minutos antes de 6:00h. Sei apenas que queria continuar o jogo com ela, mas o azul que invadia os meus olhos inebriou-me de vez...

Triiiiiiiiiiiiimmmm Triiiiiiiiiiiiimmmm Triiiiiiiiiiiiimmmm 
Triiiiiiiiiiiiimmmm Triiiiiiiiiiiiimmmm Triiiiiiiiiiiiimmmm 
Triiiiiiiiiiiiimmmm Triiiiiiiiiiiiimmmm Triiiiiiiiiiiiimmmm 

11:00h. Desligo o despertador e um bilhete com um beijo de batom:

Precisando ou não de mim
Querendo ou não a minha presença
Você sabe que eu sempre estarei com você...








Com amor, Insônia.

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