quarta-feira, 3 de março de 2010

Acesso ao excesso



Esse termo não é meu e sim do filósofo e economista Paulo Vaz em que resumidamente  descreve o momento que temos passado com o excesso de informação disponível na internet, ou mesmo em celulares ou televisões que possuem conexão com a rede. Sabe-se lá onde chegaremos com isso. A geração de hoje não sabe ainda falar, mas sabe ligar um computador. Fato! Já vi que existem geladeiras conectadas que avisam o dono da falta de determinado produto e por aí vai. Sabe-se lá onde vai parar.

 A questão é que o fato de termos muito mais informações, não significa que estamos mais informados. Ao contrário disso, as informações captadas pela maioria das pessoas é apenas superficial. O mundo é o retrato do Twitter e parece se resumir em apenas 140 caracteres. Felizmente existem iniciativas como o ETC (Encontro de Twitteiros Culturais) que está se disseminando pelo país. Neste sábado passado ocorreu em nove capitais brasileiras. Belo Horizonte teve a sua segunda edição, no Espaço de Convívio do Uni-BH (rua Diamantina, 567, Lagoinha), com entrada franca.

Contrário a isso, temos pessoas que parecem não se importar de forma alguma em "perder o seu tempo" com algo que realmente vai acrescentar algo ao seu processo cultural pessoal, e longe de mim querer ser "o cara" por que eu também tenho preferências por algo que muitas vezes não é bem visto com os olhos dos ditos intelectuais. Eu assisti ao primeiro BBB, No Limite e por trabalhar com música, vi inclusive programas como Ídolos, mas ver hoje, pessoas que após a 10ª edição do BBB fazem qualquer coisa para não perder um episódio e começo a me sentir um alienígena. Tenho um amigo que relatou-me que em sua faculdade de jornalismo existe uma garota que está com a tv ligada (via celular), acompanhando o BBB. Bom, ela pode  dizer que está pesquisando o seu ramo de trabalho...

Não estou aqui recriminando ninguém. Sou favorável a liberdade de expressão e ao seu direito de ver o que quiser. A única coisa que me deixa desanimado é que o fato de você não  saber quem é Dourado ou Cacau, te torna uma pessoa desinformada. Entre outras coisas, sou professor e quando estou dando aula (socorram-me meus alunos...) sempre digo para eles que peneirem todas as informações que passo e que saibam como utilizar elas, afinal de contas, existem informações inúteis dependendo o setor que você escolha trabalhar. Imagina o que eu acho de programas como esse...mas creio que vocês sabem o que eu acho.

Vou finalizar com um a transcrição de um cordel de Antonio Barreto:

Big Brother Brasil, um programa imbecil






Curtir o Pedro Bial
E sentir tanta alegria
É sinal de que você
O mau-gosto aprecia
Dá valor ao que é banal
É preguiçoso mental
E adora baixaria.

Há muito tempo não vejo
Um programa tão ‘fuleiro’
Produzido pela Globo
Visando Ibope e dinheiro
Que além de alienar
Vai por certo atrofiar
A mente do brasileiro.

Me refiro ao brasileiro
Que está em formação
E precisa evoluir
Através da Educação
Mas se torna um refém
Iletrado, ‘zé-ninguém’
Um escravo da ilusão.

Em frente à televisão
Lá está toda a família
Longe da realidade
Onde a bobagem fervilha
Não sabendo essa gente
Desprovida e inocente
Desta enorme ‘armadilha’..

Cuidado, Pedro Bial
Chega de esculhambação
Respeite o trabalhador
Dessa sofrida Nação
Deixe de chamar de heróis
Essas girls e esses boys
Que têm cara de bundão.

O seu pai e a sua mãe,
Querido Pedro Bial,
São verdadeiros heróis
E merecem nosso aval
Pois tiveram que lutar
Pra manter e te educar
Com esforço especial.

Muitos já se sentem mal
Com seu discurso vazio.
Pessoas inteligentes
Se enchem de calafrio
Porque quando você fala
A sua palavra é bala
A ferir o nosso brio.

Um país como Brasil
Carente de educação
Precisa de gente grande
Para dar boa lição
Mas você na rede Globo
Faz esse papel de bobo
Enganando a Nação.

Respeite, Pedro Bienal
Nosso povo brasileiro
Que acorda de madrugada
E trabalha o dia inteiro
Dar muito duro, anda rouco
Paga impostos, ganha pouco:
Povo HERÓI, povo guerreiro.

Enquanto a sociedade
Neste momento atual
Se preocupa com a crise
Econômica e social
Você precisa entender
Que queremos aprender
Algo sério – não banal.

Esse programa da Globo
Vem nos mostrar sem engano
Que tudo que ali ocorre
Parece um zoológico humano
Onde impera a esperteza
A malandragem, a baixeza:
Um cenário sub-humano.

A moral e a inteligência
Não são mais valorizadas.
Os “heróis” protagonizam
Um mundo de palhaçadas
Sem critério e sem ética
Em que vaidade e estética
São muito mais que louvadas.

Não se vê força poética
Nem projeto educativo.
Um mar de vulgaridade
Já tornou-se imperativo.
O que se vê realmente
É um programa deprimente
Sem nenhum objetivo.

Talvez haja objetivo
“professor”, Pedro Bial
O que vocês tão querendo
É injetar o banal
Deseducando o Brasil
Nesse Big Brother vil
De lavagem cerebral.

Isso é um desserviço
Mal exemplo à juventude
Que precisa de esperança
Educação e atitude
Porém a mediocridade
Unida à banalidade
Faz com que ninguém estude..

É grande o constrangimento
De pessoas confinadas
Num espaço luxuoso
Curtindo todas baladas:
Corpos “belos” na piscina
A gastar adrenalina:
Nesse mar de palhaçadas.

Se a intenção da Globo
É de nos “emburrecer”
Deixando o povo demente
Refém do seu poder:
Pois saiba que a exceção
(Amantes da educação)
Vai contestar a valer.

A você, Pedro Bial
Um mercador da ilusão
Junto a poderosa Globo
Que conduz nossa Nação
Eu lhe peço esse favor:
Reflita no seu labor
E escute seu coração.

E vocês caros irmãos
Que estão nessa cegueira
Não façam mais ligações
Apoiando essa besteira.
Não deem sua grana à Globo
Isso é papel de bobo:
Fujam dessa baboseira.

E quando chegar ao fim
Desse Big Brother vil
Que em nada contribui
Para o povo varonil
Ninguém vai sentir saudade:
Quem lucra é a sociedade
Do nosso querido Brasil.

E saiba, caro leitor
Que nós somos os culpados
Porque sai do nosso bolso
Esses milhões desejados
Que são ligações diárias
Bastante desnecessárias
Pra esses desocupados.

A loja do BBB
Vendendo só porcaria
Enganando muita gente
Que logo se contagia
Com tanta futilidade
Um mar de vulgaridade
Que nunca terá valia.

Chega de vulgaridade
E apelo sexual.
Não somos só futebol,
baixaria e carnaval.
Queremos Educação
E também evolução
No mundo espiritual.

Cadê a cidadania
Dos nossos educadores
Dos alunos, dos políticos
Poetas, trabalhadores?
Seremos sempre enganados
e vamos ficar calados
diante de enganadores?

Barreto termina assim
Alertando ao Bial:
Reveja logo esse equívoco
Reaja à força do mal…
Eleve o seu coração
Tomando uma decisão
Ou então: siga, animal…


Outra coisa que penso é que a crítica pela crítica também não leva a nada. Essa é uma saída muito simples. O importante é pensar no por que chegamos nisso, ou na influência comportamental que isso vai gerar em nossas vidas.


É apenas o que eu acho...

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