sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

Charles Mingus








Li alguns meses atrás sua autobiografia que no Brasil teve o título de"Saindo da sarjeta". O livro começa com Mingus se definindo de tal forma: 




"Em outras palavras, eu sou três. Um homem fica sempre no meio, despreocupado, sem se emocionar, observando, esperando que lhe permitam expressar o que ele vê para os outros dois. O segundo homem é como animal assustado que ataca por medo de ser atacado. E, então, há uma pessoa gentil e super amorosa que acolhe as pessoas no templo mais sagrado do seu ser, aceita insultos, confia, assina contratos sem ler, cai na conversa dos outros e acaba trabalhando barato ou de graça, e quando percebe o que lhe fizeram, tem vontade de matar e destruir tudo ao seu redor, inclusive a si mesmo por ter sido tão estúpido."


Eu particularmente penso que existe o jazz com uma forma que normalmente é simples, onde depois abre-se espaços para as improvisações, onde deve haver uma fluência muito grande de raciocínio para que se consiga tal proeza satisfatoriamente. Numa outra ponta existe uma música erudita com uma complexidade de formas que normalmente não permite improvisação alguma (normalmente). O primor de execução é almejado de uma forma quase torturante aos seus executantes, mas entre esses dois extremos, existe Charles Mingus. Sua complexidade de composição está mais para a música erudita do que o jazz, mas além de possuir a liberdade de improvisação do jazz, possui conceitos de difícil execução como é o caso de você sentir o "beat" da música, mas não necessariamente acentuar tal tempo. Ele dizia que preferia gravitacionar em volta. Para não ficarmos nos detendo em conceitos mais técnicos, paro apenas lembrando que mudanças de andamento em sua música também era algo natural e executado com uma maestria que até parece fácil. Lembrando que na época de nosso gênio das 4 cordas, as gravações não sofriam edições. Ou você tocava mesmo, ou partia para outra.


Sua audição para os não iniciados não é exatamente fácil e creio que você deve ouvir algo se isso de alguma forma te toca e não por que precisa ouvir. Lembro-me de quando comecei a ouvir jazz e não entendia nada do que estava acontecendo ali. A música na verdade é uma linguagem e quando não entendemos o que acontece, fica muito complicado sua absorção, conseqüentemente nos agradar com aquilo. Por isso escolhi algo mais simples para ouvir. Vale lembrar que ele tem peças complexas como Epitaph, uma peça orquestral com 2 horas de duração. Acho que começar com cinco minutos por hora basta.

É apenas o que eu acho...
                                                             

Um comentário:

  1. Mingus é o cara!

    falando nisso, queria pegar o livro d volta, se der!

    abrass...

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